segunda-feira, 31 de janeiro de 2011

Foi só eu entrar de micro-férias e o Temmer assumiu...


Na jazzradio um perfeito e bom Kurt Elling, cantando "Wait Till You See Her", acho que é isso.
Noite endiabrada de quente. As árvores parecem estar numa tela. Nem se mexem. Acho que de preguiça.
Nestas minhas micro-férias (de uma semana) vale quase tudo pra relaxar. Blues, oficina com Itapema, com colas de madeira, serras, plainas, parafusadeiras, parafusos só do tipo "philips", sobrecoxas na brasa, Sol e copos suados, algumas notas, C-2's da Folha, informações somente as de conversa-fora, citronela em tochinhas, e até uma noite com uma Salton no balde, abacaxi no gelo e uns Ferrero's de bacana pra quebrar.
Boas conversas íntimas, um filme de desenho inocente, bons risos, doçura no ar, boas maneiras, sagradas intenções e é só noite de segunda. Até quinta fico assim.
Encerro na oficina, desligo o rádio já na Hora do Brasil. "Dilma está no exterior, com Cristina, na Argentina. Michel Temmer, é o presidente do Brasil." Desliguei o rádio num susto.
Pensei comigo: -eu não te disse? Fica longe do rádio e dos jornais!
Santa micro-férias!...

Degladiando bons textos no domingo

- O próximo imperador de Roma será Máximo... Surpreso com minha decisão?
- Não. Um dia recebi uma carta sua. Nela estavam escritas as quatro virtudes de um Imperador: justiça, sabedoria, moderação e coragem, e vi que nenhuma delas são minhas.
- Tenho vivido para ter de você um momento de carinho, de aprovação. O quê em mim você odeia tanto?
- Teus defeitos de filho, são os meus de pai!
O diálogo se dá entre o imperador romano Marco Aurélio e seu filho, Lúcio Cómodo, no filme "O Gladiador" (2000).
Vi o filme pela terceira ou quarta vez. Dissemos quase ao mesmo tempo - eu e minha mulher, em meio aos diversos outros diálogos de extrema sabedoria em espiritualidade: "sempre que vejo este filme parece que algum detalhe me escapou no anterior e sou surpreendido com um bom ensinamento..."
Este acima é uma preciosidade. O texto é raro e a interpretação de Joaquim Phoenix (Cómodo) e Ricard Harris (Marco Aurélio) são de absoluta sensibilidade.
Parafraseando mais uma estupenda passagem: "- Porque insiste em não morrer..." (Còmodo a Máximo (Russel Crouwe), algo assim. Outras vezes "O Gladeador" ainda passará por nós, imortal.
Minha singela homenagem ao diretor Ridley Scott e aos roteiristas David Franzoni, John Logan e Willian Nicholson, que construíram estes belos textos.
Bom domingo foi este.

sábado, 29 de janeiro de 2011

O Barão e eu no Sava

Já faz quase um mês, talvez, uma colega me informou que o velho mago dos bolachões da discotecagem dos anos 70, Ricardo Barão, faleceu, vítima de um infarto fulminante.
Fiquei muito abalado. Devia um registro aqui.
O Barão faz parte do meu passado lá de Porto Alegre, dos meus 17, 18 anos de idade, quando tinha a paixão de botar som em festas (era assim que dizíamos...).
O Barão era o discotecário da Rádio Continental - que hoje chamam de DJ, uma simplificação do "Disc Jockey". Ele era o "Mestre Barão" na apresentação que o Cascalho fazia, de segunda à sexta, no "Cascalho Time", na Rádio Continental, no "Portinho". Pra quem não sabe, o Cascalho foi um tremendo comunicador daqueles anos, uma espécie de versão gaúcha do Big Boy. Digo que o Cascalho tinha um estilo próprio. Grosseiramente, diziam que ele imitava o Big Boy da inesquecível Rádio Mundial do Rio de Janeiro, a precursora do que tentam ser hoje as FM's.
Bem, mas eu falava do Barão. Ela era uma lenda pra mim e acho que pra muitos. Além da Continental, o "Mestre das bolachas incrementadas..." (mais uma dos Cascalho - bolacha era o apelido dos LP's), também botava som no "Baile dos Magrinhos", que eram uns bailes/shows que o Cascalho promovia com grande sucessso em toda década de 70.
O Barão era o discotecário da boate do Sava (Sociedade dos Amigos da Vila Assunção). Nos anos de 1975 à 1979, a Boate do Sava era soberana: o local que todos iam. Era o ponto da "magrinhagem" e da "cocotagem" (depois conto sobre estas gírias).
Não tinha a menor vergonha de ficar "babando" o Barão naquela cabinezinha da Boate, em frente aos "pratos" Garrard e de um mixer feito em casa. Mas abaixo tinha uma potência e um pré-amplificador Gradiente que garantiam a noite toda. Do lado dois engradados cheios de "bolachas", que vinham lá da Continental. Acima da aparelhagem ficavam os comandos de luz. Tudo feito em casa e improvisado. O piscar era manual, manipulados com chaves-facas. Tinha um circuitinho automático, montado dessas revistas de eletrônica. Os faróis coloridos eram de fusca, 12 volts, com papel laminado colorido na frente. A "strobo" era feita de um ventiladorzinho Arno. Tirava-se as pás, deixando uma apenas. Ela passava em velocidade na frente de uma lâmpada branca. Era incrível, mas dava o efeito certo das "strobos" profissionais, que só o Ricardo Amaral tinha na sua platinada "New York City", no Rio.
Eu ficava vendo o Barão pilotar tudo aquilo. Ficava fascinado. Quase nem dançava, nem "pegava" ninguém.
Anos a fio, vendo tudo aquilo, fui aprendendo a fazer cada movimento. Sabia tudo.
Uma noite o Barão bebeu um pouco e me ofereceu os comandos. Fui como um menino pra andar de carrinho de lomba novo.
Meses mais tarde, eu já dividia a cena com o Barão. Ele me confiava a madrugada de som, enquanto saia com as "cocotas" mais descoladas do Sava. Eu ficava ali, como um astronauta, mandando na pista, lá da minha cabine. Aquilo era mágico, um sonho.
O Barão se foi. Com ele vai um pouco desta minha memória.
Depois falo mais disso tudo.

Duas dicas musicais das boas

Estou de férias por uma semana. Descanso total e rádio desligado. Duas dicas legais de lazer pra quem aprecia a boa música. Uma é o site www.jazzradio.com. Pode-se desfrutar dos melhores de todo o mundo. há um cardápio de mais de 20 opções de correntes musicais. Vai do "Bebop" do mestre Armstrong, ao "Latin Jazz" com boas surpresas, sem esquecer de uma passada pelo velho "Blues", o irmão rebelde do Jazz. Vale a passada.
A outra dica é o DVD do jovem John Mayer - "Where The Light Is (Live in LA)" - Mais Jazz e Blues na veia pra quem gosta do bom improviso e de um virtuose das cordas, acústicas ou elétricas. Um verdadeiro show! O que este cara nos reserva quando tiver seus 50 anos?
Bom finde a todos.

quarta-feira, 26 de janeiro de 2011

Os R$ 545, os R$ 580, ou os R$ 26 mil!

Ouço agora que a reunião entre centrais sindicais e o governo federal acaba sem acordo sobre o reajuste do novo salário mínimo.
Eles estão discutindo se o valor é de R$ 545 reais - proposto pela área econômica do Planalto, ou de R$ 580,00, defendidos pelos sin dicalistas.
Patético!
As mesmas "otoridades", se deram de presente de Natal em dezembro um mega-reajuste. Pra se ter uma idéia, um senador passou a ganhar 26 mil reais. Todos os demais coleguinhas parlamentares acompanharam o gesto. Detalhe: a aprovação se deu em horas, pra não dizer minutos, bem diferente da reunião incerta entre centrais e governo de agora pouco.
Óleo de peroba, rápido!

Salve o engarrafamento na Mauro Ramos!

Tem umas lógicas que eu não entendo. Esse posto de gasolina na Mauro Ramos é uma delas. Já critiquei várias vezes o fato dele utilizar a via pública como pátio de uma enorme fila de carros que ficam aguardando a vez para abastecimento. O resultado disso é um tremendo engarrafamento tradicional. O público é prejudicado pelo privado.
Ao fazer a crítica na Guarujá, recebi um email bem desgostoso, o qual me acusava de estar pedindo multa a um posto que oferecia os preços mais baratos da região. E me indagou - com estilo - porque não denunciava o cartel dos demais postos. Sugeriu até que eu estivesse à serviço do pessoal do preço alto.
Tive que contar várias vezes até dez para não mandar o ouvinte às favas. Ora, uma coisa é uma coisa, ...
Mas prometo não falar mais nisso. Não vejo nenhum colega de mídia criticar aquela fila e aquele engarrafamento previsível, permamente e constrangedor para a ordem pública. Não leio nenhuma nota de jornal e ninguém protesta contra aquela impunidade. Deve estar bom assim.
Ademais, uso moto e são os carros que ficam na tal fila pra pagar uns tostões a menos no tanque cheio. Então, salve a fila e o engarrafamento da Mauro Ramos! E não se fala mais nisso.

terça-feira, 25 de janeiro de 2011

As omissões que derretem morros

Entrevistei agora pouco o superintendente do DNIT, João José dos Santos, no "Guarujá Entrevista".
Minha intenção era desmistificar a idéia que o Morro dos Cavalos - tão noticiado na mídia, é o mais grave problema que temos. Supunha que precisasse esse reparo. Acho que estava certo.
O dirigente me garantiu que aquele trecho da 101 é uma espécie de ponta do iceberg.
As estradas no Brasil, a maioria delas, tem mais de 30 anos, construídas numa época em que nem se falava em mapas e sondagens de risco. Muito menos, as chuvas eram esparsas, os homens viviam mais adequadamente e não se alastravam por aí, invadindo tudo. Estes fatos todos foram contribuindo para os morros se derreterem do jeito que hoje vemos.
Na entrevista ficou claro: vamos ver coisas ainda bem piores. É viver e ver.
Como ilustração deste assunto, o áudio do comentário de hoje pela manhã na Guarujá.

segunda-feira, 24 de janeiro de 2011

A dor no ouvido e as chuvas

Hoje pela manhã um amigo me contou uma historinha:
Um médico experiente tratava há anos de uma dor de ouvido de um respeitado fazendeiro da sua região. Vez por outra o velho agricultor se queixava da dores num dos ouvidos e lá mandava chamar o seu tradicional médico. O doutor lhe dava uns comprimidos e a dor logo passava. Mas aquilo tinha virado um problema crônico. Aquele cena se repetia sempre.
Um certo dia o fazendeiro precisou mais uma vez tratar das dores no ouvido, mas naquela ocasião seu médico estava doente. Veio atende-lo o filho, recém formado em medicina, que seguira a carreira do pai. Atendeu o velho cuidadosamente e lhe fez um exame geral nas orelhas e deu uma boa olhada no ouvido reclamado. Lá encontrou um grão de feijão cru, entalado do lado direito do fazendeiro, explicando toda a dor do pobre homem. Tirou-lhe o grão e receitou-lhe o analgésico de sempre. Problema resolvido. Pra sempre.
Em casa, dias depois, quando o pai havia chegado da viagem, o filho médico lhe indagou constrangido sobre o vacilo do médico experiente:
- Pai, mas como tu não viste aquele grão de feijão no ouvido do homem durante este tempo todo?
E o velho médico-pai respondeu sem pestanejar:
- O como tu achas que eu paguei a tua faculdade?...
Uma história triste, sem dúvida. De malandragem bem conhecida.
Este meu amigo lembrou da historinha quando comentávamos o comportamento dos políticos e administradores públicos com essas ocupações irregulares de tanta gente carente e de pouco instrução.
É mole??!!...
EM TEMPO: me desculpo - pela milésima vez, da longa ausência no Blog. Desta vez pareceu que iria desistir dele. Mas foi, de novo, o maldito tempo. Prometo ser mais britânico por aqui.

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