domingo, 20 de julho de 2008

O DNA da promiscuidade

Em tempos de “revistas metrópoles” e “livros no-banco-dos réus”, não resisto trazer ao Blog um trecho de “1808” que leio. “… O mesmo Hipólito (Hipólito José da Costa, gaúcho, criador do primeiro jornal brasileiro, o Correio Brasiliense, em Londres) que defendia a liberdade de expressão e idéias liberais acabaria, porém, inaugurando o sistema de relações promíscuas entre imprensa e governo no Brasil. Por um acordo secreto, D. João começou a subsidiar Hipólito na Inglaterra e a garantir a compra de um determinado número de exemplares do Correio Brasiliense, com o objetivo de prevenir qualquer radicalização nas opiniões expressas no jornal. Segundo o historiador americano Roderick J. Barman, por esse acordo, negociado pelo embaixador português em Londres, D. Domingos de Souza Coutinho, a partir de 1812, Hipólito passou a receber uma pensão anual em troca de críticas mais amenas ao governo de D. João, que era um leitor assíduo dos artigos e editoriais da publicação. “O público nunca tomou conhecimento desse acordo”, afirma o historiador. De qualquer modo, Hipólito mostrava-se simpático à Coroa Portuguesa antes mesmo de negociar o subsídio. “Ele sempre tratou D. João com profundo respeito, nunca questionando sua beneficência”, registrou Barman. O Correio Brasiliense, que não apoiou a independência brasileira, deixou de circular em dezembro de 1822. Hipólito foi nomeado pelo imperador Pedro I agente diplomático do Brasil em Londres, cargo que envolvia o pagamento de uma nova pensão pelos cofres públicos”, conta Laurentino Gomes, no seu "1808".
D. João e Hipólito tiveram mais sorte…

Nenhum comentário:

CONTATO COM O BLOGUEIRO