domingo, 31 de janeiro de 2010

Somos presumidos mal educados

De férias, ando mais pelos chopins (o Rui Magela vai me buzinar de novo..., mas eu adoro escrever o inglês assim...). Tem coisas muito mais interessantes pra se fazer, com certeza, mas são imposições da vida. Fazer o que?
Nos passeios (sic) não registrar alguns dos verdadeiros desrespeitos que estes senhores gestores de chopins fazem com a gente. Trago alguns aqui, pra vocês me dizerem se estou certo ou ficando velho e sem paciência ou, ainda, tudo junto.
A foto é auto-explicável, sem legenda, não fossem as conversas que tive com alguns funcionários destas praças de alimentação. Uma aberração, considerando o bom senso e a velha educação tão surrada nestes tempos.
Tudo é descartável. Pelo jeito, acho que até nós. Copos, pratos, talheres e os guardanapos, que foram os precursores do usou-jogou-fora. Há quanto tempo não vejo um guardanapo de linho. Ah, sim, isto é coisa de restaurante internacional, diz o pessoal...
Perguntei pra moça porque o chope não vinha numa tulipa, num copo de vidro adequado. Ela me disse que quebravam muito e a maioria era roubado. É, eu disse roubado! A explicação para os pratos é a mesma. Fico imaginando como um sujeito sai do chopim com um prato e um copo de louça e vidro escondidos da roupa. Deve ser um mágico vigarista! Detalhe: achei uma pastelaria que vende um bom chope servido em canecas geladas. Mas tome o seu sem fazer muito alarde. A caixa me disse que eles fazem isso quase escondidos (sic!).
Agora, a história dos talheres de plástico é patética. Além dos roubos, outro funcionário me contou que é por motivo de segurança. Eu pedi para ele me explicar melhor. - É pra evitar acidentes e até o uso deles como armas na praça de alimentação.
Então, vamos combinar que somos todos presumidamente mal educados, desequilibrados mentais e criminosos, a ponto de não podermos usar talheres de metal. Bem feito, quem mandou não estudar!...
Quanta cara-de-pau! Quem sabe o governo cria um incentivo fiscal para que os nossos empreendedores de chopins se dignem a investir na qualidade de seus serviços, comprando talheres decentes, contratando mais funcionários para recolher e lavar os artefatos e reforçar a segurança, evitando o uso das "armas brancas". Era só o que faltava!
Uma dica: não banque o pretenso educado, levando sua bandeja usada, com sua sujeira descartável para aquelas lixeiras tão bonitinhas. Deixando-as nas mesas você estará garantindo o emprego daqueles trabalhadores da limpeza nas praças. Deixe tudo ali, ligeiramente bagunçado e lambuzado. Acredite, você estará fazendo o certo. Afinal de contas, somos mau educados mesmo, supostamente até violentos, não esqueça...
Se os chopins são a maravilha do mundo capitalista e deste consumismo doido que estamos metidos, de carona vem essas pérolas que temos que engolir em seco, achando a coisa mais normal deste mundo moderno (sic).
EM TEMPO: pra quem ainda não sabe, o último chopim da região que ainda não cobrava estacionamento (outro absurdo pra quem deixa o carro ali para consumir), agora já está cobrando também. Outro, um dos mais antigos, está divulgando nas máquinas de tíquetes que haverá uma promoção no estacionamento e que os valores vão sofrer mudanças. Adivinha o que vem por aí?

sexta-feira, 29 de janeiro de 2010

A genialidade do Doutor Brizola

Assisti uma do Brizola ontem na TV Senado genial, num desses programas especiais sobre o Golpe Militar de 64.
Entre muitos depoimentos interessantes (programa bom, vale a pena conferir), lá vem o Doutor Brizola com as suas belas tiradas:
- O Golpe, na verdade, se consumou no dia 1º de abril, não em 31 de março, como ficou divulgado. O 1º de abril provocaria, com certeza, uma gargalhada nacional, ninguém, iria acreditar (...) Uma gargalhada bem dada derruba um governo...
Ando relendo Leonel Brizola no You Tube, matando as saudades. Jamais votaria nele, como a maioria dos brasileiros, mas concordava com tudo que ele dizia. Coisas nossas...

quinta-feira, 28 de janeiro de 2010

De férias. Mas prometo mais Marilia.

Me perdoem os leitores aqui do Blog pela raridade dos posts. Estou de férias e mais desligado do que a minha banda larga (recém contratada) várias vezes ao dia. Retomo as atividades oficiais no dia 8 de fevereiro. Então volto ao normal. (Espero que a "banda" também).
Recebi dia desses mais um e-mail da "cantriz" - como ela mesmo diz - Marília Barbosa. Ela me mandou, em primeira mão, uma música que acaba de gravar, do Ary Barroso. É uma delícia. Prometo postar aqui em breve. Tá ganhei sua autorização pra isso.

segunda-feira, 25 de janeiro de 2010

O que somos e o que não somos

“A sinceridade pública é ridícula”. A frase é do meu pai. Ele disse que ouviu de alguém. Procurei no Google pra saber de quem. Não achei. Acho que é modéstia dele. A frase é cheia de sabedoria e isso é a cara dele. Fazer e dizer coisas importantes sem reivindicar a autoria. Coisa de sábio.
O que ele quis dizer é pra não sermos tão francos, como muitas vezes sou por aqui. Vou guardar isso como uma dica de alerta.
Me lembrei do Caetano: “de perto ninguém é normal”, que releu Tolstoi sobre os círculos familiares. Ninguém costuma confessar suas manias, suas vontades, seus prazeres, sexuais ou não. Invariavelmente, são bizarros, escandalosos para o olhar público, fonte de pesados comentários entre amigos e inimigos.
Então, nunca diga por aí que você adora cozinhar pelado, por exemplo. Definitivamente, esqueça de comentar com alguém que você curte um montão assistir o Chaves e morre de rir quando ele diz “isso, isso, isso...”
Bem, algumas coisas também bastante bizarras são as exceções na ridícula sinceridade pública. Diga em quem você votou para o “paredão” do BBB10. Você foi mais longe e assinou o canal full time pra ver a performance completa do Bial e seus pupilos? Relaxe. De perto todo mundo é igual. Ou não?
Tomara que não!

domingo, 24 de janeiro de 2010

Quem já não foi baiano?

Ia em direção à Ponte Pedro Ivo Campos. Vinha do Estreito. Quando faço o trevo e converto à Via Expressa, passa por mim um flamejante Toyota preto tipo sedan, de vidros quase negros, através dos quais quase não dava para ver um homem dos seus 40 anos acompanhado de sua esposa, muito provavelmente.
Passava das duas da tarde e os dois mostravam uma alegria incontida. Eram turistas. A certeza estava na placa: BA – BOM JESUS DA LAPA.
Ela portava uma não menos flamejante filmadora, dessas digitais, moderníssimas. Parecia uma cinegrafista policial, tamanha era sua habilidade e concentração no registro da entrada da Ponte.
Na verdade, o que me chamou a atenção daquele casal baiano foi a performance do motorista. Ele parecia mirar o logo da Toyota no meio do capô na linha pontilhada que dividia a primeira e a segunda pista da Ponte, como se fosse um desses motoqueiros truculentos e suicidas. Foi assim, até o final da Pedro Ivo.
O critiquei com os meus botões, mas imediatamente lembrei que todo turista é assim. Todos, cada um de nós que está de férias e em visita numa outra cidade. Ou será que o leitor nunca fez aquele retorninho providencial não permitido? De bermuda e sandália, CD do Bob Marley bombando, e o seguinte raciocínio pra boi dormir: - ah, mas eu não sou daqui..., como se o Código de Trânsito da sua cidade fosse diferente de todo o País. É assim que somos todos, turistas, em qualquer lugar do mundo, pelo menos deste mundo aqui.
Turista com pedigree fala alto, ri de quase tudo, dá gorjeta pro malabarista argentino, compra no sinal água gelada e aquela raquete pra matar insetos e na praia a maioria é fácil identificar: guarda-sol colorido das Americanas ou da Havan, cooler Boêmia ou Skol da promoção do Big, livros de auto-ajuda que ganharam de alguma tia no Natal e o celular pra ligar de meia em meia hora pros parentes e amigos pra tirar uma onda. Se tiver criança, tem ainda uma gritaria danada, hora dos baixinhos, hora dos altinhos.
Não se encaixou em nenhum desses pitorescos detalhes? Não? Você nunca foi turista.
Por tudo isso, nem esquentei com aquele baiano do Toyota, entre uma pista e outra na Pedro Ivo, deslumbrado, ele e a esposa.
Fiquei só pensando num diálogo arrogante com eles:
- Estão chegando à Floripa, de férias?
- Sim.
- Viajaram bastante, a placa é da Bahia...?
- É, estrada de um dia inteiro, mais de mil quilômetros...
- Mas vai valer a pena, vão passar uns dias num belo hotel, curtindo boas praias, camarão, cervejinha, natureza por todos os lados, legal, hein?
- É.., legal. E você também está de férias aqui como a gente?
- É, quase isso. Eu moro aqui.

sábado, 23 de janeiro de 2010

"Se Eu Fosse Você" não assistia!

Agora pouco assisti o treiler* de "Se Eu Fosse Você - 2". É patético. A propaganda do filme que vai passar na tv cabo diz com orgulho que o filme brasileiro é um dos poucos a chegar à parte dois. A Razão disso é o sucesso do primeiro. Mais de 6 milhões de espectadores nos cinemas brasileiros. O filme é uma galeria global de atores. É um capítulo de novela.
Triste saber que uma bobagem deste tamanho pode mobilizar tanta gente. É uma comédia, mas se ri constrangidamente, porque não é o texto, não é o roteiro, é o ridículo ululante, que apela para o velhos preconceitos sexuais e recheada de pastelões.
Bem, nenhuma constatação original. Estamos no Brasilzão do Domingão e do BBB10. Na verdade, "Se Eu Fosse Você" só não teve 10 milhões, ou mais, por que a maioria não tem grana para ir ao cinema. Não fosse isso, estaria toda a audiência do Faustão curtindo a afetação bisonha de Claudio (Tony Ramos) e Helena (Gloria Pires).
Triste mesmo ver um filme assim fazendo sucesso quando há tanta produção nacional de grande qualidade relegada ao cult.

"Treiler" - Sempre que posso, adoro esculhambar com a língua inglesa. Me desculpem os ingleses, gente civilizada, antiga, solene, que eu aprecio e respeito, mas faço essa molecagem por causa dos norte-americanos. Não gosto deles, em tese. São arrogantes, comumente pouco educados, e grosseiramente mal informados sobre o mundo. Minha antipatia com eles vem de longe, lá na militância dos anos 80, quando boa parte da minha geração lutou contra uma ditadura militar, inspirada e apoiada pelo que chamávamos de Imperialismo Ianque.
Mas vivo hoje um permanente dilema, um desafio pessoal, desses que a vida nos coloca no caminho, só pra tirar uma onda com a nossa cara. Tenho gente muito querida e de grande valor humano que mora lá. Meus familiares, filho, nora, cunhado, sogra, sobrinhos, todos por lá, fazendo a diferença, me provando todo dia que há uma parcela importante de pessoas e cabeças que não se misturam com a multidão da nação, sobre a qual fala com tanta propriedade o escritor e cineasta norte-americano Michael Moore no seu imperdível "Stupid White Mans" - "Um País de Idiotas", na versão traduzida pra nós.
O amor, a afeição e o respeito que tenho pelos meus lá, especialmente David - filho de coração que me chegou em 1998 e que me ascendeu a chama do jazz, do blues e me possibilitou algumas lições de vida, como a calma e a delicadeza -, me provocam essa sequela de 80', essa implicância arraigada com os Estados Unidos da América e um permanente desafio de vencer esta fobia e fazer o que manda o velho Niemeyer, "nada é tão importante, somos um grão, a vida é um sopro..." Trabalho quase todos os dias esta dificuldade histórica. Uma das formas bem eficientes é a música, onde me permito ignorar tudo que sei e já senti de ruim vindo de lá.
Posso sentir bons ventos soprando, vindos da terra onde moram BB King e David Scheitt.
Precisava dizer isso. Está dito.

quarta-feira, 20 de janeiro de 2010

A Democracia que pouco entendemos

Estou concluindo a publicação da entrevista que fiz com o cubano Manoel Carbó Calçada, mestre em plantas e ervas medicinais há 40 anos e soldado do exército revolucionário de Fidel Castro, desde a Sierra Maestra, até a derrubada final da ditadura imperialista de Fulgêncio Batista.
Sei que é um assunto polêmico. Muita gente bem informada e formada, estudiosa e que tenho especial respeito, tem uma opinião dura e reprovadora ao governo de Fidel.
Respeito estas opiniões. Solenemente. Sei que são sinceras e imbuídas dos melhores anseios democráticos e libertários.
No entanto, o princípio deste Blog é o respeito à opinião. Do blogueiro e de seus leitores. Desde o início - há mais de um ano - nunca fiz qualquer tipo de "moderação" de comentários. Nunca farei, pelo menos aqui. Alguns poucos indecorosos, intactos, são provas disso.
Digo isso porque que sei que muitos amigos e leitores podem concluir que sou isso ou aquilo, que tenho essa ou aquela tendência ideológica e que por isso deva ser assim ou assado. De pronto, adianto que nada tenho finalizado sobre o que penso a respeito de qualquer coisa. "Sempre" e "nunca" são palavras que evito usar. Elas nos aprisionam e, invariavelmente, nos traem.
Sou de uma geração convicta, obstinada, sonhadora e romântica. Não posso fugir disso. Mas aprendi ao longo de quase 50 anos que a utopia é meio de luta, não fim.
Sei que muita gente amiga e boa (por razões óbvias não me reporto aos que tem posição contra-revolucionária, retrógrada, preconceituosa e colonial sobre o tema) não conseguem entender a mecânica da Democracia cubana, que não elege diretamente novos presidentes.
Mas é bom lembrar que o nosso conceito de Democracia é bem míope para os cubanos. Eles é que não conseguem entender como nos achamos um país democrático, com tanta gente ainda miserável, sem educação, sem saúde, sem onde morar, desempregada e marginalizada.
Sempre que falo deste assunto me recordo do outdoor plantado na entrada do Aeroporto Internacional de Havana: "Esta noche, doscientos milliones de niños duermen en las calles. Ninguno de ellos es cubano" (Essa noite, duzentos milhões de crianças dormirão nas ruas. Nenhuma é cubana).
Entre outras, Manoel tenta explicar essa visão de Democracia.

História comum na "casa-da-mãe-joana"

Era uma vez uma operadora de telecomunicações.
Ela fornecia serviços de banda larga para uma população inteira. O marketing desta operadora era um espetáculo. Suas peças publicitárias na TV, no rádio e nos jornais, sem falar dos outdors e demais mídias, eram sensacionais, milionários e impressionavam o cliente, fazendo-o acreditar que tudo era uma maravilha mesmo.
No entanto, como tudo na vida, a coisa não era bem assim. Uma prática lesiva aos seus usuários começou a se verificar e se transformou numa rotina, tornando tal mecanismo um golpe muito lucrativo à operadora, apesar de torpe e bem típico dos lugares onde costumamos chamar de "casa-da-mãe-joana".
A manobrinha da operadora consistia em realizar um procedimento na sua central de banda larga de "operação padrão de realinhamento de banda". Traduzindo, isso queria dizer dar uma "resetada" (desligada) em todo sistema, derrubando os "modens" de seus usuários, provocando diversos danos, entre eles a desconfiguração dos mesmos e dos "roteadores" de "wirelles" ligados a eles. O resultado desta manobrinha é que os usuários ficavam desconectados à Rede. Muitos já descobriram que a solução é desligar e religar tudo, depois de um minuto. A grande maioria tinha seus serviços normalizados.
No entanto, os que não conseguiam a reconecção e àqueles outros (muitos com certeza) que nem sabiam direito o que era um "modem" e muito menos seus segredinhos, eram obrigados a ligar para a tal operadora e chamar um suporte técnico ao pobre cliente desconectato do mundo. O mirabolante suporte consistia em ligar e desligar o estabilizador de voltagem onde tudo estava ligado. O "modem" reiniciava e tudo voltava ao normal. Para dar um ar de complexidade e alto conhecimento do sistema da operadora, o técnico abria um site cheio de números e letras ininteligíveis por um simples mortal, fazia uma cara de Bill Gattes, fechava tudo e dizia ao incauto: - agora está tudo bem.
Os usuários ficavam felizes de novo. No final do mês a fatura vinha com a cobrança normal dos serviços e uma taxinha adicional de R$ 80,00 pelo suporte técnico.
A operadora também muito feliz, vendo que havia descoberto um jeitinho de engordar sua rentabilidade, passou a manobrar várias vezes ao mês esta "operação padrão de realinhamento de banda". Como a "casa" é da "mãe-joana" tudo corre como se nada tivesse acontecido.
E assim termina essa historinha canalha e muito comum na "casa-da-mãe-joana".

terça-feira, 19 de janeiro de 2010

A Nega mais bonita dessa Ala

Recebi logo pela manhã a notícia do falecimento da Nega Tide.
Fiquei pensando o dia todo nela, entre tarefas domésticas e de lazer nas férias que curto. A todo momento me vinha a figura da Tide. Sorridente, sempre pronta pra briga, pra festa, pra boa conversa, pra boa batalha.
Ela soube viver bem sua vida, cheia de brilhos, do bom samba no pé, da apoteose na Nego Querido e em todas as passarelas que ela pode mostrar como se leva um bom enredo de vida e história.
Ela era exuberante sempre, mesmo mais velha. Deslumbrou de amores, paixões e tesões muita gente boa desta cidade, Estado e País. Uns nem tão bons assim. Oportunistas, aproveitadores de sua generosidade e da forma franca que ela costumeiramente usava para se relacionar com qualquer um.
A última vez que vi a Nega Tide foi na posse de Dário Berger, esta da reeleição. Ela estava filiada ao PMDB. Chegou a ser candidata a vereadora em 2000, mas não teve êxito. O partido não lhe deu a sustentação necessária, como de resto a todos seus candidatos naquela eleição.
Na sua partida fico com uma imagem bonita da Tide. Em 1998, eu e minha mulher passamos o Carnaval com ela, numa agradável e entusiasmada noite no Pirão, no Mercado Público. Muita cerveja, samba, marchinhas e as boas conversas que ela puxava.
Hoje, me peguei várias vezes cantarolando "Quem Te Viu, Quem Te vê", do Chico. Tudo a ver com a Nega. Tá ficando bom lá em cima...

domingo, 17 de janeiro de 2010

Marília não se aquieta. Que bom.

"Nada se aquieta, por mais que a gente envelheça" (Phillip Roth). A frase me foi enviada pela cantora e atriz Marília Barbosa. Ela parece ter sofrido um grande trauma. Não sei exatamente qual, mas algo importante que a tirou do circuito formal da mídia. Uma pena. Gosto muito do trabalho dela. Tenho até hoje guardado nas minhas pastas de músicas a canção “Caso Você Case”, que estourou na boa novela Saramandaia, de Dias Gomes, em 1976.
A voz de Marília é simples, mas delicada, leve, gostosa de se ouvir. Dia desses a encontrei no seu Blog. Na foto que abre o Blog ela está bem diferente das imagens que temos dela, lá dos idos de 70/80. Resolvi lhe escrever. Então, ela mandou a frase de Roth.
Phillip Roth é um romancista norte-americano que se destacou com o romance “O Complexo de Portnoy, seu quarto livro. Segundo ele próprio, complexo de Portnoy é um distúrbio em que fortes impulsos éticos e anseios sexuais se apresentam em perpétua luta com extremados anseios sexuais, freqüentemente de natureza perversa.”
"Nada se aquieta, por mais que a gente envelheça". Uma reflexão instigante para este final de domingo.

quinta-feira, 14 de janeiro de 2010

ALÔ VÔ FLORIANO: estou tentando "gozar"

Vô Floriano,
A coisa tá feia. Só agora consegui abrir meu e-mail, depois de uma semana de estresse com as operadoras de telecomunicações que nunca ganharam tanto dinheiro na história deste País - como diz o presidente Lula - fazendo-nos todos de palhaços, incluindo a Anatel, a marionete-mor do "sistema", uma das pérolas criadas pelo neo-liberalismo nacional, aquele pessoal da turma do Fernando Henrique, que anda dividido, uns emprestados para a oposição, outros fazendo o serviço sujo do Governo Lula, afinal, alguém tem que fazer, então, que sejam os melhores.
Vô, apesar de estar gozando férias (que termo mais constrangedor esse, sexualizaram até o descanso da gente...) Mas, como ia falando, estou de férias até dia 8 de fevereiro e tenho a impressão que estava menos aborrecido e mal humorado no ar, trabalhando. Não tá fácil o negócio.
Não exageremos também. Nada que não se possa resolver, afinal, não nasci em noite de trovoada como diz o Maldaner no seu "Casildário". "Só não há solução para a morte", como sempre fala a mãe. E olha que o Alan Kardec garante que os nossos óbitos não são exatamente problemas que exijam soluções. Muito pelo contrário...
Falando em Kardec, Vô, ando lembrando demais de ti, da tua calma, da tua paciência de sábio e aquele ar de pajé que encaras as coisas. Como reagirias na linha com uma funcionária de call center (depois te explico, Vô, o que é um call center. Não quero te deixar tão triste agora).
Vô, dia desses o pai não conseguia falar comigo. Ele acabou ligando pra todo mundo, só faltou ligar para os hospitais e a polícia.
O problema é que me estressei geral com a Brasil Telecom/Oi e mandei desligar tudo aqui em casa (banda larga e telefone), por isso meu telefone mudou. Passei o novo telefone para a diarista deles - não havia ninguém em casa. Ela anotou o novo número, mas quando viu que era da Net saiu correndo, parecia uma doida. Não entendi nada, mas depois sim, compreendi tudinho, Vô.
Tenho uma forte impressão que o meu telefone vai mudar de novo. Fiz um plano chamado "Combo" (telefone, internet e tv a cabo) e no terceiro dia já comecei a ter problemas com eles também. Devo estar precisando de uma psicoterapia. Bem que um tratamento poderia estar incluído no "Combo". Vou sugerir isso no 0800 deles, se funcionar. Ia ficar legal: "...se desejar psicoterapeuta HD, digite 9 e ganhe grátis o PFC com o Estadual e Série A..." No final das contas, acho que troquei seis por meia-dúzia-menos-um.
Vô, o mundo anda doido mesmo. Tiraram até o teu acento circunflexo. Não é nem parecido com aquele nosso, quando tinha dez anos e tu me comprava no Bar do Alberto um Choco Preto e Branco da Neugebauer pra comer assistindo "Bonanza". O mundo hoje, Vô, parece que perdeu os cadernos, como se dizia... "O mundo é dos Nets". O pessoal acha que isso é slogan de propaganda. É deboche, Vô. Ou seria uma das trombetas do Apocalipse, como dizia a Valotti, governanta da Vó Nair?!
Vô, ainda bem que só falo contigo pelo Blog. Meu celular está desligado. O aparelho é da rádio e como estou de férias resolvi deixá-lo lá no meu escaninho da Guarujá, desligadinho da Silva. Férias é férias, caramba!
A moça do call center da Net me disse que sem linha telefônica, sem banda larga e sem tv a cabo, eu ficaria praticamente ilhado. Vô, eu moro na Ilha de Florianópolis, no Desterro, dizendo melhor (depois te explico isso...). Respondi quase enlouquecido que era descendente de índio, que minha avó Georgina era índia e que não sentiria falta nenhuma deles e que minha fogueirinha já estava acessa no quintal para mandar minhas mensagens pela velha fumaçinha dos meus antepassados.
Só rindo mesmo. O mestre Niemeyer, do alto dos seus 102 anos de vida e arte diz que "o mais importante é a gente saber rir de nós próprios, por que nada é tão importante, somos uma poeira, a vida é um sopro". Niemeyer é uma fera!!!
Gargalhemos, então, desses palhaços travestidos de nós!!! Quá, quá, quá, quá...
Vô, agora me dou conta que nem se ri mais por escrito como antigamente. Me lembro que nos gibis da Disney, o Pato Donald ria "quá, quá, quá", e todo mundo ria por escrito assim. Era muito mais romântico. Hoje, essa gurizada escreve tudo errado pelo MSN - dizendo que é pra simplificar (só se for pra simplificar a falta de vocabulário, de estudo e de respeito pela nossa língua...).
Vô, como sempre, escrevi demais. Até! Um beijão.
Me lembro de tudo e de ti. O tempo todo.

Férias, longe dos shoppings e uma Fender na oficina

Estou de férias. Por isso ando meio rebelde com o Blog e tão ausente. Andei dias desses nos shoppings da cidade e fiquei impressionado com a selvageria dos comerciantes, que resolveram aderir ou absorver a falta de educação geral da maioria das pessoas e dos turistas que andam por aqui. Mas depois eu falo disso.
O que quero dizer e mostrar é a minha mais nova atração da oficina. Resolvi construir uma Fender Stratocaster, a versão blackie, usada pelo genial Eric Clapton. Já aviso que não irá tocar, é cenográfica e irá apenas brilhar num case aberto, que ...
Bem, eu conto tudo no videozinho que fiz. Conto mais sobre o passo a passo da minha Fender.

sábado, 9 de janeiro de 2010

A sanha e a bola da vez

Não é por nada que o deputado estadual Edison Andrino disse dia desses numa entrevista aqui que não admitia que o PMDB não tivesse candidato nestas eleições, para governador e presidente.
Achei que Andrino misturava imprecisamente os assuntos ao falar do apoio que a cúpula de seu partido vem preparando à Dilma. Junto com os históricos Pedro Simon e Jarbas Vasconcelos, Andrino vê com péssimos olhos as articulações crivadas de fisiologismo - pra dizer o mínimo - com o Governo Federal.
Mas há mais do que uma avaliação nacional. Andrino é preciso, sim no que diz. Ele teme reviravoltas aqui no Estado que começam e se desenhar no Centro Administrativo. Os bons números mostrados pelo senador democrata Raimundo Colombo (foto) nas últimas pesquisas deixaram os ilustres da "polialiança" bem assanhados com esta alternativa. Tanto que a frigideira já anda em pré-aquecimento pra cima das candidaturas de Eduardo Pinho Moreira - que está longe dos dez por cento da preferência; Leonel Pavan - alvejado por indiciamento da Polícia Federal; e até o "reserva de luxo" Dário Berger - na berlinda da "arvore desiluminada" e do "não-show-de-Bocelli".
Na sanha do governador LHS em manter Amim no ostracismo político, qualquer alternativa que garanta isso valeria a pena, incluindo entregar o governo aos Democratas.
Por tudo isso, o deputado Andrino não deixa de ter razão.

Dona Angela não será vice de ninguém

Dona Angela, se não for candidata ao Governo do Estado, concorrerá este ano apenas à reeleição à Câmara Federal. Ser vice de alguém não está, definitivamente, nos seus planos.
Os números das primeiras pesquisas mostram a deputada muito bem colocada, em todo o Estado e com aceitação muito bem distribuída entre as faixas etárias. Contabilize-se que ela não fez campanha alguma, anda silenciosa e sequer participou dos programas oficiais do partido, o PP. Desta forma, ela deixa entendido que tem direito legítimo à cabeça de chapa e por isso não cogita participar de uma eleição majoritária que não seja numa candidatura para governadora.
Ainda neste raciocínio, como já disse o professor Esperidião Amim aqui, se houver "juízo" de PP e PT, os dois saem coligados já no primeiro turno. Neste caso, Ideli concorreria à reeleição ao Senado. Num desenho assim o ex-governador concorreria à Câmara Federal.
Há uma possibilidade de Esperidião estrelar uma candidatura ao Senado, com Ideli na Cabeça. Mas os progressistas entendem que isso inviabilizaria a coligação, na medida em que a correlação de forças ficaria exageradamente petista, e a militância do PP não absorveria Dilma Roussef para presidência, mais Ideli para o Estado. Chapa pura demais entende o PP. Para complicar esta hipótese, Esperidião teria que medir forças com deputado federal Cláudio Vignatti para uma vaga no Senado, já que a outra é computada como certa para Luiz Henrique da Silveira.
Bem, vamos entender que o eleitor, em toda essa especulação, não ofereça surpresas, muito comuns em marés aparentemente previsíveis. É bom sempre lembrar disso.

sexta-feira, 8 de janeiro de 2010

Entrevista com o cubano, partes 2 e 3

Sem Internet em casa e de férias, comecei a botar em dia as leituras, as audições de CD's e a pequenos trabalhos, como este de edição da entrevista com o cubano Manoel Carbó Calçada, feita na Rádio Guarujá, em outubro de 2009.
Muito extensa, tive que editá-la em quatro partes. Estou publicando as Partes 2 e 3, que juntam-se à primeira (na coluna direita do Blog). Até amanhã completo a postagem da Parte 4.
Vale a pena dar uma ouvida.

Ano e banda larga. Tudo novo.

Resolvi trocar o ano de banda larga nova. Troquei de operadora. Já não aguentava mais tanta ineficiência e desrespeito com os usuários. O brabo mesmo é saber que a Anatel não faz nada para colocá-las em seu lugar. É uma parceria entre operadoras e Agência. Do mal é claro.
Dia desses entrevistei o ministro da Cultura, Juca Ferreira, e ele se referiu à "banda larga" no Brasil de "banda estreita". Se o ministro diz...
Omito minha nova operadora para não fazer propaganda gratuita, nem estragar as boas relações que estou mantendo até aqui. Esta é a razão de ter me ausentado dois dias do Blog. Estou de férias na Guarujá, em casa, agora com uma banda larga nova.

terça-feira, 5 de janeiro de 2010

Campo, Crítico ou Cítrico, uma boa idéia

Estava agora pouco almoçando pelo centro e vendo o "Campo Crítico" na Record News, em canal aberto (6). É a mais nova atração para quem gosta de esporte. Agora, além de ouvir o programa na Guarujá, também pode-se ver Paulo Branchi, Badu, Rui Guimarães, Janitter de Cordes e Polidoro Junior. Um bonito cenário foi montado, uma boa produção e a boa qualidade jornalística marcam uma entrada de ano feliz para a Guarujá e a RIC. Um golaço, sem dúvida. Parabéns a todos, principalmente aos autores da idéia. Todos ganham, principalmente o público mais exigente.
Pois é, pra descontrair, fazer uma "embaixadinha" no post, não resisti a uma brincadeira, a partir da boa logomarca que o pessoal do Departamento de Arte da Record News criou. Vi a marca e não pude evitar a molecagem. É só uma brincadeira, estética apenas, que sugere uma caipirinha nesse tempo tão quente ou uma bela limonada com bastante gelo.
Saúde ao novo "Campo Crítico" ou "Cítrico" que, se valer a metáfora, não deixa de ser uma vantagem a mais que o programa oferece, tamanho é o brilhantismo e a independência de seus participantes.

O "happy and" masoquista

Masoquismo é uma patologia psíquica. Diz o Aurelião: "prazer que se sente com o próprio sofrimento". Há também uma outra leitura, ligada à sexualidade: "perversão em que a pessoa só tem prazer ao ser maltratada física ou moralmente; algolagnia passiva".
Bem comparando com alguns fatos da nossa conjuntura, pode-se entender a exclusividade da divulgação sobre o fim da era das trapalhadas no turismo da Capital. Ou não?! Sabe-se lá o que vem por aí. O happy end foi hoje pela manhã pelo dial. A rigor, nenhuma novidade.
Mas não se espante o leitor com novas versões e releituras invertendo tudo. Afinal, estamos neste País bizarro. Como já disse o senador Suplicy, "pode acontecer tudo, inclusive nada...".

domingo, 3 de janeiro de 2010

Somos primatas e elas invisíveis

Liguei a TV agora. Passa o Filme "A Mulher Invisível", com Selton Mello e a deslumbrante Luana Piovanni. Ela é mesmo a mulher invisível, parece não existir. Além de verdadeiramente gostosa - me desculpem a vulgaridade... (desculpem o escambau, ela é gostosa mesmo!...), ela é inteligente, tem atitude e anda de verdade pelas ruas do Rio de Janeiro. É bem verdade que "La Piovani" deve ter um grave defeito, deve ser uma louca, maníaca, ou coisa parecida, ou seja, ela não pode existir!
O Selton Mello não me surpreendeu. Ele é muito bom. Ainda não vi nenhum filme com ele ou dele que não tenha gostado. O reverencio ainda mais depois de sua postura diante da Globo, de não mais fazer novelas, minisseriezinhas e coisinhas especiais. Ele até pode voltar coisas para a Globo, mas já valeu a declaração e atitude. Nada contra a Globo, pessoal, mas tudo contra o que ela causa a meu País.
O filme que vejo é uma comédia, mas não é. A história vai ao ponto: Nós, homens! Que coisa mais complicada e simples que somos! E isso não tem a menor graça.
Explico. As mulheres nos acham complicados demais e nós somos totalmente simples, primitivos, na verdade. Vamos ser claros: as mulheres são universalmente superiores a nós e todos sabem disso. E não adianta ficar olhando com essa cara, leitor ou leitora, principalmente se for leitora. Todo mundo sabe que as mulheres nos manipulam full time. Isso é básico no Planeta e nesta espécie animal. Bem, vamos derrubar logo essa lenda: mulheres e homens não são na mesma espécie e ponto final. Tem dúvida? Então somos iguais aos macacos? Não? Pois é, então acho que você compreendeu o que quis dizer sobre nós em relação a elas. Somos os macacos, no caso.
O filme não é uma comédia, definitivamente. É uma breve história de como somos primatas e podemos enlouquecer em minutos e por horas, por dias, por uma vida inteira, por elas.
Sabe o que é pior? Elas sabem disso, meu amigo leitor. Entregue-se, portanto. No entanto, de vez em quando, para preservar a espécie minimamente de pé, falando algumas coisas conexas e mostrando que ainda usamos 10% da sua cabeça animal - como diz Raul, rebele-se, revolte-se, mande à merda, bata a porta, arranque o carro violentamente e depois vá para um pub, tome aquele uisquinho, veja o SporTV no LCD daquele puteiro, não coma ninguém e chore profundamente ao entrar em casa de volta. É a vida meu amigo leitor, ressalvadas as exceções, que são muitas, posso garantir. Acreditem!
Por fim: O filme está terminando. Sobe a trilha com a Janis Joplin cantando, linda e rebelde como sempre. Feliz é o Sergey que a comeu nas areias de Copacabana. Isso ele conta, né! E ninguém contestou até hoje. Isso é o que importa. Ou não?!

sábado, 2 de janeiro de 2010

Carvão a R$ 6,00 e canalhice. Vai encarar?

Agora pouco comprei um saco de carvão. Diz no saco que tem três quilos. Mentira! Não deve ter dois. Sou um otário, ainda paguei 6 reais.
Ontem, quase na mesma hora, num posto de gasolina, uma quadra antes, em Barreiros, paguei pelo mesmo peso mentiroso, R$ 4,50. Passei ali e o preço havia mudado: R$ 6,50. Argumentei com o caixa, falei que estive ali a menos de 24 horas, pagando R$ 4,50. Não adiantou. Então peguei meu dinheiro de volta e fui para o posto que iniciei o post.
Resumindo: o sujeito é "assaltado", a uma ou duas quadras. Não tem jeito. Num país vigarista como o nosso, com grande parte de comerciantes vigaristas, somos reféns e palhaços dessa gente.
Há quem diga que estamos na temporada de verão, que isso é normal. Pode ser, mas não reclamem da insegurança, da violência, da vida estressante, dos filhos que se drogam na madrugada e fingem estudar durante o dia, que o governo não faz nada e que os políticos são corruptos.
É o que resta desta forma tão barata de levar vantagem em tudo, de votar em gente indecente, bizarra, desonesta e depois copiar seus comportamentos. Ser o mais esperto possível neste "livre mercado", esta é a "jogada" legal.
É essa democracia torpe que elege presidentes de quatro em quatro anos e torna todos nós mentecaptos, com este ar que temos de cidadãos.
Diante de um funcionário explorado e alienado, que ouve pagode, assiste a novelinha das oito e acha o prefeito desquitado bonitão, nem vale a pena reclamar os R$ 6,00. Só nos resta a indignação e umas linhas no Blog. Vai continuar assim. Somos de um país onde a presepada é contada como eficiência e chamam isso de "livre mercado". Livre e despudorada canalhice. É o que temos. Vai encarar?
Atualização 10 minutos depois: concentrado na redação do post, acabo de queimar a picanha fatiada e a linguiçinha. Bem feito pra mim. Quem manda ser linguarudo e desaforado. Este é o País. Fazer o que?

Política de baixo nível em 2010

Mas era só o que faltava. O professor Eduardo Guerini, um dos nossos mestres da ciência política, me aplica um furo no Blog. "Neste ano eleitoral, considerando as preliminares da política local e estadual, teremos uma das campanhas mais sujas e de baixo nível da história política catarinense. Vamos conferir no trajeto das alianças , questões inimagináveis". O comentário é do professor, mas eu juro que pensei em postar essa reflexão logo após a publicação dos entrevistas com Amin e Cavallazzi. Me resta assinar em baixo, professor.

O filme, Vô Floriano e a ficha do Natal caiu

Só caiu agora a ficha do Espírito de Natal.
Trabalhei demais neste fim de ano e virei uma máquina de fazer coisas. Peço desculpas a mim mesmo. Perdão a todos. O Natal sempre foi algo precioso pra mim. Meus amores mais íntimos, pais, filhas e filhos, esposa, meus sobrinhos, minha unica irmã, devem ter estranhado meu ceticismo com o bom velhinho este ano.
Despertei agora pouco. Fui pego de surpresa por um desses canais. Uma faísca atrasada - como eu, exibia o filme "Aventura de Natal". Tomei café envolto daquele clima e foi me pegando. Me deu vontade de deitar no tapete e ali fiquei uns minutos e o menino me veio intenso, o neto do Vô Floriano. Um filme singelo, com cachorrinhos, cheio de delicadezas infantis, magias. O clima me tomou e 0 velho Floriano Fernandes aterrissou por inteiro. Vim correndo pra cá, dividir essa emoção com vocês, talvez pra minimizar essa minha grosseria natalina.
Meu avô era o próprio Natal. Era a data dele. Não havia momento mais importante para ele.
Sinto muito não ter podido estar junto de meus pais neste Natal. Só agora percebo o quanto sinto isso. Como disse, a ficha caiu. Meu Vô tem razão. Não há data mais importante que esta. A perdi. Agora só no ano que vem. Tomara que o bom velhinho me perdoe, digo, o Vô Floriano me perdoe.
Na tentativa de recuperar um pedacinho daquelas emoções, repassei a memória dos Natais lá de Ipanema, em Porto Alegre. Qualquer um seria bom. Todos foram fantásticos. Meu Vô era um profissional nisso.
Mas me lembrei nitidamente do Natal que ganhei a minha Caloi. Era uma bicicleta dos sonhos. Já falei dela aqui e até recuperei sua imagem no post de setembro/2009 ("Calói dobravel e as gurias fazendo baliza) Era azul piscina, tinha guidom alto e logo que a Ferragem Juca Batista abriu, corri lá e coloquei uma buzina nela. Era azul pra combinar e funcionava com uma pilhona Rayovac, azul e amarela. "Bi-bi-bi". Um espetáculo!
"Uma bicicleta para o *Capitão Rodrigo...!" Me lembro como se fosse hoje. Meu Vô, saindo do corredor íntimo da casa, entrando na sala ampla, com aquela Caloi empurrada por ele. Os presentes mais solenes e maiores, que exigiam maior mistério e surpresa, ele guardava na "Toca" - como chamávamos seu escritório, sempre cheio de segredos e atrações.
A ficha só caiu agora. Me perdoem a falha. Se isso for possível.

* Ganhei este apelido do meu Vô como uma homenagem de bravura, de coragem e heroísmo, coisas que todos trazemos no peito e nas fantasias de guri. O Capitão Rodrigo foi-me intitulado por conta de uma minissérie na TV, em 1971. Eu tinha dez anos. Anselmo Duarte dirigia "Um Certo Capitão Rodrigo", uma adaptação da história de Érico Veríssimo, a monumental "O Tempo e o Vento", que conta o romantismo e a bravura dos riograndenses e as fortes ligações com a formação daquela terra gaúcha. Na minissérie, o Capitão - , um cavaleiro boêmio que conspira contra o governo imperial, durante o Século 18, era vivido por Francisco Di Franco. Nesta época, cheguei a ganhar da Tia Odila - uma dessas tias velhas e bondosas que a gente sempre tem quando é criança, um lenço encarnado, crioulo, que eu, sem saber muito o seu significado, o usava como capa nas minhas lutas imaginárias de Capitão. Sabe lá se não vem daí muito de mim, desse intrépido, debochado e desaforado Capitão Rodrigo.

sexta-feira, 1 de janeiro de 2010

A entrevista com o soldado de Fidel

Pago só agora uma promessa aos leitores do Blog. Fiz uma entrevista em outubro/2009 com o cubano Manoel Calçada, mestre em ervas e plantas medicinais. Mas o que mais chama a atenção nele é que foi um dos rebeldes de 50 e que derrubaram a o governo imperialista. Ele foi um dos homens de confiança de Fidel lá na Sierra Maestra.
Manoel é uma figura simpática, comedida, e de grande humildade. Me impressionou a sua firmeza, lucidez e a velha determinação dos comunistas de antigamente.
A gravação de uma hora e quarenta foi editada em três partes. Para não ficar tão enfadonha a audição, mesclei o som com algumas fotos registradas pelo celular e imagens de Cuba, colhidas pela Web. Ficou razoável. O que importa, mesmo, é o conteúdo sonoro. Posto hoje a Parte 1 (publicada no You Tube e linkada na coluna da direita. É só clicar pra assistir aqui mesmo.
Ainda esta semana as demais estarão disponíveis.

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