sábado, 29 de maio de 2010

O Plínio que faz pensar

Entrevistei na quinta (27) o Plínio de Arruda Sampaio. Ele é pré-candidato à presidência da República pelo PSOL. É uma figura interessante e necessária no quadro nacional. Tem uma função indispensável. Chacoalhar os discursinhos de sempre, previsíveis e enxovalhados dos candidatos convencionais.
Ele é simples como o erudito, sem frases feitas, sem a estética que estamos acostumados. A cerimônia fica por conta do freguês.
Contou uma boa, para exemplificar como vai se comportar nos debates se permitirem que ele participe. Certa vez, Orestes Quércia lhe fez a seguinte colocação: - Eu construí 450 mil casas em São Paulo e você, quantas irá construir se eleito? Plínio respondeu que "nenhuma". A resposta tinha um desdobramento, é claro. - Não será preciso construir uma casa sequer, se resolvermos ocupar todos os imóveis públicos do Estado que estão desocupados ou abandonados. Daremos o direito das pessoas morarem nestas habitações, explicou o deputado federal do PT na época.
A massa não vai votar no Plínio e ele não vai figurar nas pesquisas mostradas pelo Bonner ou Casoy. Ele sabe disso. Mas é uma certeza que ele vai fazer as pessoas pensarem. Isso já é bastante num país que engatinha.

quinta-feira, 27 de maio de 2010

O Martnelli partiu

O radialista e jornalista Luiz Osnildo Martinelli faleceu no final desta manhã. Ele estava internado no Hospital de Caridade. Sofria de diabetes. Ficou lá cerca de 4 meses, havia melhorado. Chegou a ir a para casa, mas nos últimos dias voltou a sofrer e teve que ser novamente internado. Tinha 85 anos e estava debilitado.
Fico a pensar duas vezes sobre o que escrever sobre o Martinelli. O Maneca, o jornalista Manoel Timóteo da ACIF, me disse várias vezes que ele era ouvinte dos programas que faço na Guarujá. Me assustava sempre que o Maneca me dizia isso. Que responsabilidade!
Talvez mais adiante escreva mais sobre este mestre. Agora fico por aqui. Minha emoção, minha homenagem, meu respeito a este grande que militou entre nós.
Posto aqui uma foto que registrei no ano passado, nos 66 anos da Rádio Guarujá. O Martinelli fez questão de vir aos estúdios, pilotando uma bengalinha, mas com a voz inconfundivel. A sua volta outras grandes figuras, como Antunes Severo, Osmar Teixeira, Ademir Arnon, Hélio Costa, entre outros. Vai aqui uma pequena mostra da voz do Martinelli, com a sua vinheta na Guarujá, pra matar a saudade.

quarta-feira, 26 de maio de 2010

O Dunga com o Lula, de mão no bolso!

Mas alguém pode me explicar qual é o problema do Dunga?!
O sujeito cumprimenta o presidente da República na despedida solene para a Copa do Mundo de mão no bolso! Foi isso mesmo que eu vi?! O cara de cara amarrada - parecendo que viu no lap top do ônibus o nome no SPC, mão direita pro Lula e a outra no bolso!
O presidente até tentou quebrar o gelo, lhe deu um abraço afetivo - como fez com todos os jogadores, mas não conseguiu que o assombrado tirasse a maldita mão do bolso. A Dona Marisa, que beijou todo mundo, teve que se contentar com um apertozinho de mão antes que ele colocasse as duas mãos nos bolsos.
Fico pensando se não sou eu que não entendi o gesto político dele. Será que quis protestar com aquela mão?
Será que esse cara não se toca? É falta de educação, de sexo, de humor, de amigos, de modos ou o quê?? Lá na terra diriam: "oilagatê grossura!!"

domingo, 23 de maio de 2010

Baudelaire, não Bodelaire

A primeira vez que ouvi falar em Baudelair, Charles Pierre Baudelaire, foi num comentário de meu pai. Acho que tinha uns 16 anos. Meu pai contava que o escritor e pensador era uma anarquista, um rebelde de seu tempo. Na época não sabiam exatamente se ele era uma "satânico" ou um "satírico". A Igreja Católica, poderosa como sempre, resolveu que ele era um "satânico". Gozava demais da cara dos beatos de plantão.
Aquela informação dada por meu pai me interessou. Andava no limiar do descobrimento do Che Guevara e do MR-8, que me salvaram a juventude.
Estou mergulhando no mundo amargo, sensível e realístico de Baudelaire. Achei um livro seu, "PEQUENOS POEMAS EM PROSA" - Petits Poèmes En Prose - num sebo - aliás, sou um maníaco confesso por sebos, por coisas antigas....
A razão deste post é que o meu pai me disse há pouco, pelo telefone, que escrevi errado o nome do Baudelaire. Digitei "Bodelaire", nas passagens seguintes, mas na primeira citação ao mestre escrevi certo seu nome, como manda o bom francês. Mas pai é pai. São imperdoáveis, como devem ser, diga-se de passagem. Ele me corrigiu: "- Olha isso é um blog, todo mundo lê, é melhor corrigir...". Eis o post e a correção que já fiz, rapidinho...
Resta dizer que estou me apaixonando pela terceira ou quarta vez por este Baudelaire incorrigível. Adoro ele, o Baidelaire. E o meu pai continua o melhor, há quase meio século que vivo.

sábado, 22 de maio de 2010

A noite doida de terça

Demorei um pouco para postar aqui a emoção que vivi na noite de terça (18) no Jornal da Noite, pela Guarujá. Não quis parecer bufão, tenho horror disso. A vaidade é um problema. Ela faz coisas muito ruins. Não gosto dela, na maioria das vezes e brigo contra este sentimento.
Passados uns dias, recebendo informações e observando a reação das pessoas, resolvi postar aqui um registro do que aconteceu. Não chegou a ser histórico, no sentido do sensacional que a coisa tenha sido, mas um momento de emoção para todos que participaram de toda aquela noite/madrugada assombrada por uma chuva e um vento loucos.
Quando eram 20 horas, ainda produzia o JN na redação, o Show de Bola já rolava com um ar estranho. Falava-se mais de chuva e ventania do que de futebol. Na sala de bate-papo da da emissora, pela Web, os ouvintes davam o tom do que era importante. Escreviam e contavam que a chuva e o vento eram doidos, dava medo.
Meus colegas, Edson Cúrsio e Janitter De Cordes começavam a entender isso e mudavam o rumo da prosa. A chuva e o vento tomavam conta do chat e do programa.
Ouvindo essa dinâmica na redação, comecei a derrubar entrevistas e matérias. Em poucos mais de meia hora já tinham derrubado todas as entrevistas marcadas e sabia que seria um Jornal diferente, feito todo na balada do aguaceiro violento na região.
Passei a ligar para os coordenadores das Defesas Civis de todos os municípios da Grande Florianópolis, Polícias Rodoviárias, Defesa Estadual, entre outros.
Lá pelas tantas, o Janitter impressionado veio à redação e me fez um relato sobre o chat. Sugeriu que eu continuasse o JN com o chat linkado. Topei na hora. O Janitter começava a mostrar do que ele seria capaz o resto da noite.
Fui pro ar com o JN todo modificado. De roteiro mesmo, tinha só a abertura. O resto eu já sabia que faríamos um grande improviso, uma cobertura daquelas, meio malucas. Entre nós: a gente adora isso! Não a catástrofe, que faz pessoas sofrerem, mas o desafio, a necessidade de superação, o envolvimento com o ouvinte, o exercício pleno das funções do rádio e das suas peculiaríssimas qualidades e potencialidades nestes momentos.
O chat me assustou positivamente, de cara. Momento seguinte, me emocionou. Eram dezenas de pessoas, ouvintes, participando feito repórteres. Eles relatavam com precisão o que acontecia em suas casas, ruas, bairros e cidades da região. Alguns deles saiam na calçada, na janela, no quarteirão, para observar, voltar e continuar contando o que viam, através do chat. Eu, que não tenho repórteres ao vivo no JN, naquela noite tive mais de 40, e todos bons demais.
Houve momento em que fiquei 10, 15, 20 minutos apenas lendo o que estava na tela do chat. Aquilo era informação rica, precisa, objetiva, jornalismo puro. Eu só lia os relatos e aquilo era um roteiro ao vivo do que estava acontecendo.
Entrecortei estas leituras várias vezes com a participação do Janitter. Baixou no Janitter o espírito do "Amaral Neto, o repórter" (os mais antigos vão lembrar...). Ele resolveu sair em direção oposta de casa, depois do seu horário cumprido, sem que ninguém pedisse. Não sei quantas vezes o Janitter entrou no ar. Talvez mais de dez intervenções. Do centro, da Via Expressa, da 101, de Campinas, de Palhoça... Entrevistou pessoas, contou o que viu, com rigor, com expressividade, com a emoção do narrador que é, mas com a precisão do repórter e a dignidade do bom jornalismo.
Sem titubear, pediram passagem para entrar no ar e passar informações os colegas Carlos Damião, Fábio Nocetti e o caçula da Guarujá, Emanuel Soares, que estava na Estácio, em Barreiros, e registrou por várias vezes, o seu trajeto para casa, lá nos Ingleses. O repórter Fabrício Corrêa, que estava jantando na Beira Mar com a familia e a noiva de aniversário, resolveu ir para o estúdio com o pai à tiracolo. Contou o que viu na cidade, como fez também o Polidoro Junior, de casa, em frente à Praça Celso Ramos, uma cachoeira descendo do Morro do 25 e carros boiando na Bocaiúva.
No único intervalo que fiz em uma hora no ar, fui à janela do estúdio. Abri a basculante devagar, menos de dez centímetros. Fiquei com a cara ensopada e vi uns carros passando pela Hercílio Luz como barcos. Na Nunes Machado havia uma corredeira d'água, digna de rafting. Voltei ao microfone, já passava da meia noite, longe da hora normal do JN terminar. Fomos até a uma e quinze, aproximadamente.
Vale registrar a mobilização e o trabalho do Pierre Buckmam, operador de áudio. Intrépido, ágil, emocionado com o que fazia, pilotando com maestria, linhas, trilhas, bilhetes que chegavam pelo telefone, recados, informações que pipocavam de todos os lados. Bonito de ver. Lá pelas tantas, como um vento a mais, apareceu o Edison Garcia, o responsável técnico da Guarujá. Ficou ali de plantão, pra lá e prá cá, disposto a qualquer coisa, ajudando a manter aquela loucura toda no ar e ainda cuidando de uma goteiras que já começavam a invadir a redação e a ante-sala do estúdio. De pés descalços o Garcia, de olho na banda larga e no sinal da emissora de pé, e mãos no rodo, baldes e panos, como um super-herói.
Poderia contar centenas de detalhes maravilhosos desta noite, como o ouvinte da Irlanda, que nos acompanhava pela Internet e entrou no chat para pedir informações de parentes aqui na região. Teve até espaço para o bom humor. Alguém no chat lembrou das tainhas que, apesar de tudo, estavam anunciando a chegada.
O relato longo que faço aqui, não é algo inusitado, extraordinário, invulgar. A quem possa pensar que estou sobrevalorizando nosso trabalho, se engana. Não fizemos nada anormal, nada impressionante. Não. Mas vivemos, mais uma vez, a alma do rádio.
Este ano faço 31 anos de jornalismo. Vivi a noite de terça como um menino, talvez com a mesma vontade e emoção do Emanuel, que tem 19 anos, de vida. Por isso é que conto isso aqui, como um relato de fé, de paixão, em homenagem aos que nos ensinaram a fazer este rádio, que vibraram tantas vezes assim e nos mostraram o caminho. Finalmente, uma permanente homenagem ao ouvinte, esse intrépido e fiel assistente e coadjuvante desta nossa emoção. Ele - do outro lado do radinho, completa e é a razão de ser de todos nós do lado de cá.
Acho que já falei demais. Me desculpem. Esse assunto me emociona. Muito obrigado a todos que me permitem viver esta grande emoção.
Estou finalizando um filmezinho dos diálogos do chat. Eles me foram enviados pelo Marcelo Gonçalves, o "Moleza", que me fez o carinho de salvar aqueles diálogos e me mandar por e-mail. As imagens dos diálogos com trechos dos áudios daquela noite estarão aqui na segunda, espero.

sexta-feira, 21 de maio de 2010

A estratégia do silêncio na Casan

Interessante a estratégia da presidência da Casan. Silêncio absoluto quando cobrada pelos lucros espetaculares mostrados ao mesmo tempo que está inadimplente com grande número de seus clientes já que sabe-se - há muito tempo - das deficiências históricas da Empresa em fornecer água potável de forma normal ao conjunto da comunidade, principalmente às mais carentes.
O que chama a atenção é como alguém que deve serviços, apresenta - sem nenhum constrangimento, resultados de lucratividade. Alguma coisa está errada nesta conta.
Mas a estratégia da presidência de que falo é também pela farta distribuição de uma "participação dos lucros" aos funcionários e diretoria. O vereador de Florianópolis Jaime Tonello (DEM) afirmou na Guarujá, dias atrás, que o presidente da Casan havia ganho R$ 104 mil de "participação". Diretores mais próximos também ganharam bons números, de dois dígitos até. A estratégia usada, a do silêncio - já que não respondeu ao chamado deste jornalista para entrevista, deu certo. O assunto ficou esquecido. A "participação", pelo jeito, está garantida. Já a água da Casan na torneira do cidadão, sem sempre...
Pra encurtar a conversa, nem vamos falar do tratamento de esgoto no Estado que continua atrás dos números do Piauí.

A plantinha no quintal

Ando agora repassando Baudelaire. Talvez seja uma forma de me rebelar contra meus males, que são meus, raios! Em fim, eu tenho alguma coisa... Mas quase não admito meus. Publicamente, aponto muitos os causadores deles, dos meus males. Mas sei que estão dentro de mim, todos! Então, pra não parecer tão óbvia essa quimera, leio Baudelaire. É bom, lhes afirmo e até aconselho. Não sou o único, desconfio.
Achei uns versos bons dele, o que não é nenhum mérito. Mas estes, não sei porque – ou sei – me lembrou uma foto, feita por meu pai, da janela de um dos quartos da casa. Ela me veio e me instigou, junto com Baudelaire. Voialà:
“Sob um grande céu cinzento, uma grande planície poeirenta, sem caminhos, sem gramados, sem uma urtiga, sem um cardo, encontrei vários homens que andavam curvados. (...)
Cada um deles carregava nas costas uma enorme Quimera, tão pesada quanto um saco de farinha ou de carvão, ou os apetrechos de um soldado da infantaria romana. (...)
Durante alguns instantes, teimei em querer compreender este mistério; mas em seguida a irresistível indiferença se abateu sobre mim, e me deixou mais duramente oprimido do que eles próprios por suas esmagadoras Quimeras. (...)”
Resolvi, por fim, abrir a foto na tela. Observei, pensei no Baudelaire e ... voialà:
A plantinha no quintal
Enquanto tentam nascer, mais e mais, lhes podamos, sacrificamos, impondo-lhes amarras;
Enquanto tentam renascer, usamos grades, aço, fórmulas sintéticas que a Natureza desconhece;
Enquanto tentam reflorir, invadimos com pedras polidas, cimento, sem o dó que nossos avôs tanto falavam;
Enquanto tentam ser belas, ignoramos seus avisos, sua sabedoria, suas e nossas evidências, sua soberania, que somos tão pequenos, cruéis e aéticos e que não conseguimos sequer impedir um bocado de sua beleza;
Bravo, plantinha! Nossas mais sinceras desculpas!

quinta-feira, 20 de maio de 2010

Augusto dos Anjos, não!

Preciso me desculpar com os leitores do Blog. Ando relaxado demais, sem aparecer. Na verdade, ando estressado demais. Agora pouco me lembrei daquela música do ...(tô tentando me lembrar do nome...)...Silvio Brito: "Pare o mundo que eu quero descer". Tá certo que eu ando lendo Fernando Pessoa, mas agora me deu vontade de ler o Augusto dos Anjos! Ando preocupado comigo.
Talvez isso passe. Será que são os 50 anos que vão chegar no início de 2011? E eu pensei que estivesse envelhecendo com dignidade, como a Fernanda Montenegro... Que pretensioso sou.
Não abandonei o Blog, viu pessoal!

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