quinta-feira, 28 de agosto de 2008

Perdi o horário eleitoral

Me sento, ligo a TV. Horário eleitoral no ar. Observo, ouço, absorvo cada gesto e olhar dos candidatos. Por um segundo me disperso, viajo no tempo, bem longe. Me lembro quando era a Lei Falcão, dos slides, tristes e com legendas. Não víamos aquilo. Era só coisa da ditadura. O bom mesmo estava nas ruas, nas esquinas, onde rolavam os comícios, em cima de caminhões, em pequenos palanques, rodeados de gente interessada e crédula no que diziam. Vestíamos camisetas e isso não é uma metáfora. Ninguém ganhava cachê para colar adesivo nos carros e carregar bandeiras. Aliás, esses adesivos enormes, que tapam os carros, nem existiam. As bandeiras eram sempre as mesmas e a gente as tinha em casa (como tenho a minha até hoje – solenemente enrolada). Os candidatos eram nossos conhecidos, sabíamos a sua história e eram iguais o ano todo, os anos todos, confiáveis, antes e depois das campanhas. Quando me dei conta, na frente da TV, o horário eleitoral já havia passado. Desconfio que não perdi nada. Está cada ano mais difícil votar. Muito! Mas prometo a mim mesmo que não voto em branco, apesar da vontade. Sei bem quanto custou chegar aqui. Vou à urna como quem vai pagar uma conta atrasada e não vou deixar em paz os meus candidatos, nos próximos quatro anos de suas vidas, caso eleitos.

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