segunda-feira, 8 de setembro de 2008

O cristal do Dia 7

Fico sabendo, com tristeza, que os estudantes que desfilaram ontem, no Dia 7 de Setembro, terão um ponto a mais na média do bimestre. Sei, com mais tristeza ainda, que muitos adolescentes, que deveriam ter desfilado, por serem menores, teriam que estar dentro de casa depois das 10 da noite. Mas estavam com os adultos nas baladas do sábado e dormiram até as duas da tarde de domingo e, por isso, sequer viram alguns poucos brasileiros reverenciar a Pátria. Me lembro que comprávamos papel crepom, verde e amarelo, e enrolávamos como em fitas as nossas bicicletas. No guidom e no bagageiro pendurávamos bandeirinhas fabricadas em casa e no colégio. Para chamar ainda mais a atenção, usávamos uma tampinha de sorvete de copinho, fixada com um prendedor, perto da roda. Os raios raspavam com velocidade na tampinha e produziam um ruído quase automotivo e imaginávamos estar pilotando as motos potentes da Polícia do Exército. Estávamos numa ditadura militar, é verdade, mas aquele valor era do bem, me acompanhou com dignidade durante toda militância que tive no bravo MR-8. Até hoje me acompanha. Uma pena, minha geração vacilou e não soube passar isso. É um valor, para mim, feito um cristal mágico, desses do Harry Poter. Todo Dia 7 de Setembro acalento-o, deixo que sua luz renove por mais um ano minhas esperanças no Brasil.

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