domingo, 2 de novembro de 2008

O pai e o poeta

- Ah, pai, me entristece te ver triste assim
Não te preocupes, filha
Não é o pai que está triste, é o poeta
- Mas o poeta e o pai não são a mesma pessoa, pai?
E quem pode responder isso…
O fato é que me sinto triste como poeta, não como pai
Talvez seja uma armadura a condição de pai
Já a do poeta é andar nu, rebelde, desprotegido
Ele açoita a tristeza em versos, frases
Sofre em fonemas, em concordâncias verbais
Olha os objetos e os vê solenes, animados de vida
E busca vida em cada sopro, em cada quadro de olhar
Um jeito de sobreviver
Mas isso é o poeta, o errante dos cometas por aí
O pai está aqui, sólido, ereto, quase incólume
- Puxa, pai…

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