domingo, 8 de março de 2009

Envergonhados, saudemos o Dia Internacional da Mulher


Quanta rima, quanta história, quantas marias se foram, vieram, nos criaram, nos amaram, nos nocautearam de volúpia, nos embalaram no berço, nos mandaram saber o quanto dependemos delas. Quantas nos servem, quando nós é que deveríamos...
Quantas delas ainda nos passarão à frente, vencendo todos os obstáculos que nós burrões colocamos, dando provas diárias de nossa fraqueza e insegurança...
Quantas joanas e darks mataremos, enforcadas, queimadas, espancadas pela nossa brutalidade irracional, enraizada nas cavernas do nosso antepassado...
Ah, como eu queria ter conhecido e vivido junto daquelas de Chicago, de New York, que se levantaram em defesa do meu presente. Que vergonha histórica das minhas atitudes patriarcais. Quantas desculpas lhes devo, quantos gestos de nobreza não fiz, quanto devo – na minha condição minúscula de macho e menor, a essas bravas que conheço e não conheci.
Fico a pensar quantas outras heroínas por aí, nesses recantos do mundo, nas áfricas esquecidas, nos afeganistãos, nos iêmens, nos paquistãos, nas bósnias e nos iglus dos alascas... Quantas delas não conhecemos e também são, com certeza, mães e pajés de seios fartos a nos alimentar a alma e a nossa história, tão carente de suas lições.
Queria ir a um lugarejo desses, bem miserável, onde o leite materno é a única esperança de vida, onde ela é o único braço ético e levar à estas mulheres um mar de homenagens e torná-las nossas dirigentes, espirituais e de trono real, de um jeito que jamais um de nós, pobres coitados, pudesse tirá-las de lá.
Quanta coisa não fiz até hoje, n’outro Dia Internacional da Mulher. Quantos mais terei de escrever assim, tão culpado, tão pressionado pela ignorância do meu gênero. Quantos anos, décadas e séculos, eu, meus filhos, netos e bisnetos permanecerão cegos diante da grande luz vinda da mulher.
Somos tão tacanhas, somos tão díspares..., isso me envergonha demais!
Beijem suas mulheres! Todas que for possível! Que se faça isso como nunca fizemos, em gesto, em alma, em comportamento efetivo.
Salve todos os dias internacionais das mulheres!

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