domingo, 19 de abril de 2009

O Exército e o nosso ranço

Hoje é Dia do Exército Brasileiro. Entrevistei na sexta o Tenente Coronel Eugênio Moretzon, relações públicas da 14ª Brigada de Infantaria Motorizada de Florianópolis. Um mineiro, moço, cerca de 35 anos, talvez. Provoquei-o sobre as lembranças que a população ainda tem (os que têm mais de 45 anos...) da ditadura militar. Ele se saiu bem. Disse que o Exército, hoje, pensa olhando para frente, levando em conta as lições que o passado deixou.
Sou mais velho que o Tenente e lembrei que, apesar de todo retrocesso patrocinado pelo regime militar, consigo ter boas recordações como estudante, ainda no Primeiro Grau, da noção de Pátria que tínhamos, cantando o Hino Nacional, o Hino do Estado e hasteando as bandeiras, todos os dias, no pátio do colégio, antes de iniciar a aula, bem cedo. No Dia 7 de Setembro, enfeitávamos as bicicletas e verde/amarelo e aquilo nos lembrava a seleção brasileira, Tri-campeã do Mundo de Futebol. Na nossa ingenuidade estava tudo bem no País e o que ficou pra nós foi isso. Me lembro bem que em 1972, o general Emílio Médici esteve em Porto Alegre, inaugurando um dos primeiros elevados da cidade. De bandeirinha do Brasil na mão abanei com orgulho ao bom velhinho, dentro de um Landau preto, rodeado de batedores de moto. Mais tarde, já adolescente viria a saber quem era de fato aquele homem, um ditador, comandante do mais perverso período que tivemos, com perseguições, desaparecimentos e assassinatos de brasileiros de se opunham àquele regime.
Minha geração e a anterior nunca saberão comemorar o Dia do Exército sem lembrar destas máculas. É um desafio para nós, não passarmos aos nossos netos o ranço histórico que temos. O Exército Brasileiro em si não merece isso.

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