sexta-feira, 1 de maio de 2009

Não usamos “black-tie” até hoje

Sou de uma geração que o 1º de Maio tinha um grande significado. Os sindicatos, muito mais representativos e autênticos, realizavam grandes manifestações públicas - não shows - com a participação até de artistas que, aliás, se apresentavam totalmente engajados nas lutas operárias, sem se falar em cachês ou aparições milionárias muito bem pagas por estas centrais sindicais de hoje.
O cunho ideológico da data proporcionava proveitosos e ricos debates entre estudantes, ativistas políticos e dirigentes sindicais e nunca passava batida a lembrança dos heróicos trabalhadores de Chicago/EUA, que em 1886 realizaram uma manifestação pela redução da jornada de trabalho de 16 para 8 horas diárias e foram assassinados por isso.
Em 1981, ainda vivendo sob uma ditadura - e talvez isso faça toda a diferença- o Brasil assistia um dos filmes mais belos, com temática sindical. Gianfrancesco Guarnieri e Fernanda Montenegro estrelavam. Bete Mendes fazia um papel secundário, mas o filme tinha uma mensagem tão forte na época que acabou lançando a jovem atriz para a política, tornando-a deputada federal no ano seguinte, com grande votação. “Eles Não Usam Black-tie” de Leon Hirszman, na adaptação da peça de Guarnieri, trazia outros craques da dramaturgia, como o Carlos Alberto Riccelli, Francisco Milani e Milton Gonçalves. O menino do “Pixote” fazia uma ponta.
Há uma cena histórica no filme, que marcou a carreira de Fernanda e Guarnieri. Quem tem mais de 40 já sabe da qual estou falando. O contexto era de tristeza. Eles faziam um casal, ele metalúrgico, ela dona de casa. Emocionados pela perda recente de um companheiro de fábrica, baleado pela polícia numa manifestação grevista, os dois contracenaram como poucos, sem precisar dizer uma palavra. É um épico.
Tentei editar este trecho do filme, mas tive dificuldades técnicas. Por isso, o post atrasou. Frustrante. Não consegui! A alternativa foi trazer aqui o trailer do filme, uma homenagem ao 1º de Maio de 2009, tão frio e longe daquelas lutas bonitas. Para jovens e velhos, um brinde a este pequeno espetáculo.
Para quem quiser dar uma olhada na cena que falo, aqui vai o link no You Tube (a cena exata está numa sequência, na parte final do vídeo):
http://www.youtube.com/watch?v=jZjcX851deQ
Vale dar uma conferida no texto e na performance de todos neste outro trecho do filme:
http://www.youtube.com/watch?v=zZIf_eVvcyE
Lá vai o trailer, aqui mesmo. Vale ver ou rever!

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