quinta-feira, 8 de outubro de 2009

O velho Chê sempre entre nós


Hoje é um dia especial para mim. A 8 de outubro de 1967, o soldado boliviano Mário Terán, a mando do coronel Zenteno Anaya – um preposto “yanque” na época, executava o comandante Guevara, na aldeia de La Higuera, na Bolívia.
Há quase 30 anos este dia era de grandes debates, estudos e palestras sobre as contribuições que o revolucionário deixou para a esquerda latinoamericana.
Che é um ídolo até hoje de toda a minha geração. Não havia um jovem que não vestisse uma boa camiseta com o comandante estampado no peito.
A propósito, no ano passado não resisti passar pelas barraquinhas da Praça da Alfândega, em Porto Alegre. Escolhi uma, de tamanho GG, vermelha, com o Che em preto na frente. Nas costas a velha e célebre frase: “Hay que endurecer pero sin perder la ternura jamás!” Mais tarde, quase tive um “piripaqui” quando vi uma de minhas vestindo o Chê como pijama. – Nem pense em fazer isso com o comandante, numa exaltação deslocada. Minutos depois vi que aquele sentimento era uma bobagem nesses tempos de hoje. Fazer o que?
Daqui a pouco estou em casa. Vou passar pelo pôster do MR-8 e do Chê e dedicar uns minutos de pensamentos e lembranças guardadas com especial carinho. É um tributo mínimo numa época tão sem convicções, certezas e romantismos.
Prometo, ainda neste dia 8, fazer uma foto do pôster original, lá do ano de 1978, que mantenho num dos cantos solenes de casa. Amarelado e incólume, pra mim.
EM TEMPO (ÀS 22:04): como prometido, aqui está o poster do Chê. É uma relíquia do final dos anos 70. O pessoal do MR-8 de São Paulo produziu. Nós vendíamos no Calçadão da Rua da Praia, em Porto Alegre. O dinheiro arrecadado era reenviado e ajudava a pagar as edições mensais do jornal Hora do Povo, o porta-voz do "Oito". Pra quem não lembra ou não sabe, o "HP" foi o jornal que denunciou as contas secretas na Suiça. Trouxe uma lista de autoridades da ditadura militar no País que tinham essas contas inconfessáveis. A denúncia rendeu ao jornal diversos atos terroristas pelo Brasil afora. Tivemos a redação em Porto Alegre explodida e diversas bancas que vendiam o HP eram incendiadas costumeiramente. Era sob este clima de tensão e lutas que o comandante Guevara nos inspirava com o que fizera com Fidel em Cuba. Tempos difíceis, românticos e inesquecíveis. Hoje fico a pensar de onde tirávamos tanta coragem com tão pouca idade. Havia idealismo, utopias à flor da pele. Coisa rara agora. Assinávamos os textos e um mínimo bilhete para a namorada assim: "Pátria livre! Venceremos! O Chê vive em nós, de alguma forma. Um viva a ele, ainda neste 8 de outubro!

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