quinta-feira, 14 de janeiro de 2010

ALÔ VÔ FLORIANO: estou tentando "gozar"

Vô Floriano,
A coisa tá feia. Só agora consegui abrir meu e-mail, depois de uma semana de estresse com as operadoras de telecomunicações que nunca ganharam tanto dinheiro na história deste País - como diz o presidente Lula - fazendo-nos todos de palhaços, incluindo a Anatel, a marionete-mor do "sistema", uma das pérolas criadas pelo neo-liberalismo nacional, aquele pessoal da turma do Fernando Henrique, que anda dividido, uns emprestados para a oposição, outros fazendo o serviço sujo do Governo Lula, afinal, alguém tem que fazer, então, que sejam os melhores.
Vô, apesar de estar gozando férias (que termo mais constrangedor esse, sexualizaram até o descanso da gente...) Mas, como ia falando, estou de férias até dia 8 de fevereiro e tenho a impressão que estava menos aborrecido e mal humorado no ar, trabalhando. Não tá fácil o negócio.
Não exageremos também. Nada que não se possa resolver, afinal, não nasci em noite de trovoada como diz o Maldaner no seu "Casildário". "Só não há solução para a morte", como sempre fala a mãe. E olha que o Alan Kardec garante que os nossos óbitos não são exatamente problemas que exijam soluções. Muito pelo contrário...
Falando em Kardec, Vô, ando lembrando demais de ti, da tua calma, da tua paciência de sábio e aquele ar de pajé que encaras as coisas. Como reagirias na linha com uma funcionária de call center (depois te explico, Vô, o que é um call center. Não quero te deixar tão triste agora).
Vô, dia desses o pai não conseguia falar comigo. Ele acabou ligando pra todo mundo, só faltou ligar para os hospitais e a polícia.
O problema é que me estressei geral com a Brasil Telecom/Oi e mandei desligar tudo aqui em casa (banda larga e telefone), por isso meu telefone mudou. Passei o novo telefone para a diarista deles - não havia ninguém em casa. Ela anotou o novo número, mas quando viu que era da Net saiu correndo, parecia uma doida. Não entendi nada, mas depois sim, compreendi tudinho, Vô.
Tenho uma forte impressão que o meu telefone vai mudar de novo. Fiz um plano chamado "Combo" (telefone, internet e tv a cabo) e no terceiro dia já comecei a ter problemas com eles também. Devo estar precisando de uma psicoterapia. Bem que um tratamento poderia estar incluído no "Combo". Vou sugerir isso no 0800 deles, se funcionar. Ia ficar legal: "...se desejar psicoterapeuta HD, digite 9 e ganhe grátis o PFC com o Estadual e Série A..." No final das contas, acho que troquei seis por meia-dúzia-menos-um.
Vô, o mundo anda doido mesmo. Tiraram até o teu acento circunflexo. Não é nem parecido com aquele nosso, quando tinha dez anos e tu me comprava no Bar do Alberto um Choco Preto e Branco da Neugebauer pra comer assistindo "Bonanza". O mundo hoje, Vô, parece que perdeu os cadernos, como se dizia... "O mundo é dos Nets". O pessoal acha que isso é slogan de propaganda. É deboche, Vô. Ou seria uma das trombetas do Apocalipse, como dizia a Valotti, governanta da Vó Nair?!
Vô, ainda bem que só falo contigo pelo Blog. Meu celular está desligado. O aparelho é da rádio e como estou de férias resolvi deixá-lo lá no meu escaninho da Guarujá, desligadinho da Silva. Férias é férias, caramba!
A moça do call center da Net me disse que sem linha telefônica, sem banda larga e sem tv a cabo, eu ficaria praticamente ilhado. Vô, eu moro na Ilha de Florianópolis, no Desterro, dizendo melhor (depois te explico isso...). Respondi quase enlouquecido que era descendente de índio, que minha avó Georgina era índia e que não sentiria falta nenhuma deles e que minha fogueirinha já estava acessa no quintal para mandar minhas mensagens pela velha fumaçinha dos meus antepassados.
Só rindo mesmo. O mestre Niemeyer, do alto dos seus 102 anos de vida e arte diz que "o mais importante é a gente saber rir de nós próprios, por que nada é tão importante, somos uma poeira, a vida é um sopro". Niemeyer é uma fera!!!
Gargalhemos, então, desses palhaços travestidos de nós!!! Quá, quá, quá, quá...
Vô, agora me dou conta que nem se ri mais por escrito como antigamente. Me lembro que nos gibis da Disney, o Pato Donald ria "quá, quá, quá", e todo mundo ria por escrito assim. Era muito mais romântico. Hoje, essa gurizada escreve tudo errado pelo MSN - dizendo que é pra simplificar (só se for pra simplificar a falta de vocabulário, de estudo e de respeito pela nossa língua...).
Vô, como sempre, escrevi demais. Até! Um beijão.
Me lembro de tudo e de ti. O tempo todo.

Um comentário:

Eduardo Guerini disse...

Marcelo,
Lendo seu desabafo hj, descobri que não és a única vítima das operadoras, ainda não sei de que?(Sic).
Também encontrei os mesmos problemas, com TIM, Vivo, NET (e seu famoso TOMBO), que parece mais virtual do que real.
Chequei a ficar 2 horas para resolver um simples problema de funcionamento inadequado para as condições ofertadas. A Anatel não funciona também. Reclamei , esperneei e continuo acreditando que somos todos idiotas do sistema.
Operadoras de telefonia fixa, móvel e bancos no Brasil são casos para resolver com desobidiência civil ou ainda de forma anárquica, começar a quebrar tudo.
No final, todos nós pagamos a conta diante da inoperância do executivo e judiciário. Basta verificar quem são os grandes financiadores das falcatruas governamentais.
Fique tranquilo, melhor desligar tudo e curtir as férias.
Sugestão: Mande cartas pelo velho e bom Correio, pelo menos chegam ao destino.
Abraços
Eduardo Guerini

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