segunda-feira, 5 de abril de 2010

Molecagem com a ditadura

O Manhattan Conection de ontem na GNT registrou uma lembrança do mestre Armando Nogueira, quando participava daquela bancada, onde também estava o Nelson Motta. Era um tempo de mestres, todos em ótima forma, como era o caso do Paulo Francis, outro que teve cadeira cativa e momentos homéricos ali.
Mas a recordação de uma das participações do Armando foi boa. Ele era um contador de histórias imperdíveis, tanto pelo seu talento, quanto pela importância dos cargos que ocupou. Ele contou uma, dos tempos da ditadura, quando era o diretor do telejornalismo da Globo.
Ligaram para a emissora dando a ordem que exatamente as 8 e meia da noite o general Ernesto Geisel, recém eleito pelo Colégio Eleitoral, iria se pronunciar. E o diálogo teria que ir ao ar ao vivo e isso aconteceria durante a novela. A orientação era interromper a programação no momento da sua fala. Ordem é ordem, principalmente vinda de uma ditadura daquelas. Quando entrou o sinal na Agência Nacional, o Armando cortou a novela imediatamente, no momento de uma cena forte entre mãe e filha. O general falou por cinco minutos. Ao final, voltou a novela, exatamente na cena que havia parado, e o diálogo foi esse, entre a mãe e a filha: - Mas, minha filha, tu não tinhas um homem melhor para conhecer e casar...?
Foi uma gargalhada geral na "suite master" da Globo. Houve quem imaginou que o Armando havia feito aquela molecagem de propósito, mas foi obra do acaso. Ninguém do Planalto pode reclamar.

Nenhum comentário:

CONTATO COM O BLOGUEIRO