terça-feira, 14 de setembro de 2010

Pelo Tubo do Tempo

Viaja-se ao passado nesses dias no saguão térreo do Shopping Florianópolis. A Ric Record está fazendo uma exposição sobre os seus 60 anos de história. A atração principal são os aparelhos televisores que remontam desde os anos 50, quando a tv chegou por aqui. Praticamente, estão ali todos os modelos, ano a ano, de diversas marcas, algumas já extintas, como a Colorado RQ Portátil. Sutileza do "RQ" (só quem viveu o ano sabe e lembra), dos anos 70, queria dizer "Reserva de Qualidade", ora pois!
Resolvi registrar algumas que marcaram um pouco da minha vida. Lá vai:
A bonitona de cima, feita em madeira, com pés moderníssimos, é do ano de 1961. Então..., aninho que este blogueiro veio ao mundo. Mas não cheguei te-la em casa. Na época o eletrodomésticos era muito caro, o correspondente a uma LCD 52 polegadas. Talvez mais até.
A próxima é histórica, mas há um erro do pessoal da Record, me desculpem. De 29 polegadas, ela não é de 1972, como está na plaquinha. Ela é de 1970 e explico por que. Vi a Copa de Pelé, Gerson, Tostão, Rivelino... Tá bom, lá vai o time completo, que sei decor: Pela ordem numérica das camisetas. Feliz, Britto, Piazza, Carlos Alberto, Clodoaldo, Everaldo, Jairzinho, Gerson, Tostão, Pelé e Rivelino. Vi estes artistas serem tri-campeões em cores. Foi inesquecível. Somente a Gabriela de Sônia Braga chegou perto das emoções daquela geração que já via tua colorido mesmo. Só faltava a tv.
Logo abaixo vem a minha primeira tv de quarto, 1974. Isso era um verdadeiro luxo. Meu pai ganhou numa rifa, dessas que faziam nas festinhas de fim de ano nas empresas. Era preto e branco e muito corajosa. Uma noite que faltou luz, coloquei sobre sua matéria-plástica (era assim que chamavam) uma vela, que se acabou na madrugada. O fogo derreteu a pobre, furou-a de cabo a rabo, digna de uma bienal. Permaneceu rota por muitos anos, mas funcionava perfeitamente. Era uma heroína. Apelidei-a de Anne Frank. Estudei no Grupo Escolar Anne Frank, em Porto Alegre e lemos muito sobre a pobre. Fiz esta justa homenagem, às duas.
Bem, a penúltima já tem ligações com Santa Catarina. Ela é de 1985, ano que cheguei na Ilha, naquele caminhão de gaúchos vindos pra criar o Diário Catarinense. Depois de um ano trabalhando até de madrugada, junto com uns doidos da IBM que nos ensinaram a usar computador na redação de um jornal, consegui comprar esta Phillips, 17 polegadas, ou seria 21?Ainda tenho o vidro retrátil dela, fumê, anti-reflexo. Está exatamente embaixo deste meu notebook, ainda elegante. Minha filha maior, hoje com 28 anos, assistiu muito a Xuxa descer daquela espaçonave rosa e esfumaçada pelas manhãs. A minha menor, anos mais tarde, herdaria a tevezinha em bom estado. Mais tarde, coitada, o estresse a levou a um distúrbio nervoso. Uma vez ligada, ela perdia a força no som e ia ao silêncio absoluto. Entenda-se, talvez, que aquilo era uma metáfora...
Puxa vida, nem pensei em falar tanto. Era só uma legenda para essas fotos irresistíveis. Viajei mesmo...


Um comentário:

Rodrigo Nunes Ricardo disse...

Essas TVs são da minha coleção particular, eu aluguei pra Record e a Record fez a exposição. Fico feliz que elas tenham lhe trazido lembranças da infância! Um abraço. Rodrigo Nunes Ricardo.

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