quinta-feira, 14 de abril de 2011

O formulário de papel era a nossa cara mais fiel

O Brasil vai retomando a sua posição de oitava economia do mundo. A presidenta Dilma está na China. Nosso superavit comercial sobre os chineses dá o tom da nossa credibilidade. O presiidente Obama veio ao Brasil e nos encheu de orgulho com os seus discursos e comportamentos maneiros. Que coisa boa estamos nos transformando, né?... Nem tanto. Vejamos. Dois exemplos emblemáticos: os aeroportos nas cidades-sde da Copa de 2014 e a Declaração de Imposto de Renda deste ano. O Ipea acabou de dizer que apenas dois aeroportos (Porto Alegre e Recife) tem chances de ficar prontos para os jogos da Copa. Os demais serão uma vergonha certa. A Dilma chegou a adiar a divulgação de obras e projetos da Copa 2014. Todos atrasados! Até que o Blater, presidente da Fifa, foi compadre. Depois de malhar o pau nas obras, resolveu dar uma força e elogiou. Isso deve ter o dedo do Lula. Com relação ao IRPF, a principal novidade é a marca do faz-de-co0nta brasileiro. Acabou a declaração em papel, dos velhos formulários. Agora é tudo digital, via Internet. Boa notícia? Parece, mas só parece. Centenas e centenas de pessoas sequer tem computador em casa. Muitos que tem, mal conseguem entrar numa rede de relacionamento, se souberem o que é isto. Ouvi agora pouco na tv um depoimento exemplar dessa "bagaça". Um senhor humilde, iletrado, numa sala de espera da Receita: eu tenho pobrema pra mexê no computadô, então, em vim aqui, mas no ano que vem acho que vou fazer um cursinho... A oitava economia do mundo, cheia de marra com os EUA, a China e o resto do mundo, pulou umas etapas. De investir em Educação, de dar cidadania aos seus filhos, de oferecer dignidade intelectual, antes do primeiro celular e do MP3 atochado nas orelhas da juventude num coletivo sujo, apertado e desumano. Esse senhor com "pobrema" nem deveria pagar imposto, mas é explorado, escurraçado, assediado e, provavelmente, paga mais imposto - proporcionalmente - à Receita do que um senador engomado da República. País lindo de ser ver, de Florianópolis e por aí a fora, mas vadio, mentiroso, enganoso, falso, mal acabado, cópia míope de primeiro mundo. Terceiro mundo, digital e com fome de quase tudo que é essencial. O formulário de papel e o Aeroporto Internacional Hercílio Luz são a nossa cara mais fiel. Salve o Bolsa Família! Até quando?!

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