domingo, 10 de abril de 2011
Tá bom, programa é produto e ouvinte é cliente..., mas vamos com jeito!
Essa questão da audiência é um problema mesmo. Não me saiu da cabeça a pergunta de pronto que o professor Ostermann me fez lá no Brique, já registrada aqui. Falei-lhe do "Guarujá Entrevista" que apresento de segunda a sexta, à tarde e ele me fulminou: e como anda a audiência? Bem, foi o professor que perguntou isso. Imaginei que ele jamais me faria tal pergunta. Esse tema é o tipo de coisa chata que anda pelas bocas mercadológicas e que, normalmente, chamam programas de produto e ouvintes de clientes. Tá bom, eu sei que está certo, que faz parte do negócio, mas é sempre dura esta realidade para jornalistas românticos como eu, que vivem a se preocupar em dominar este sentimento tão sedutor e quase sempre equivocado nos dias de hoje. Mas não ninguém e sim o professor que me lascou essa. Isso ganha outra proporção. Primeira coisa que penso é que a audiência tem sido uma perseguidora também dele e por isso faz deste craque da comunicação refém de números de rádios ligados nele. Estou ouvindo, por exemplo, a Ella. Imagino o quanto ela tenha sofrido também com isso. Quantas Britiney´s devem ter lhe tirado o sono. Mas é verdade também que a estou escutando e sei que faço parte de uma minoria interessante, se não me engano muito. Da mesma forma, presumo, o "Guarujá Entrevista" seja curtido por uma minoria, interessante como os admiradores de Ella e do professor. Pretensões à parte, entendo que consistimos um pedaçinho do mercado (estão vendo, até usei a palavra...) que se insere entre os possíveis de manter produtos no ar, mesmo não sendo fenômenos de audiência. Esse glamour pela quantidade de receptores ligados me incomoda muito. Não que não deseje que milhares pessoas ouçam o que faço, mas confundem isso com qualidade. Um equívoco como este num País tão deseducado como o nosso e, portanto, tão vulnerável capaz de qualificar "CQC" e "Pânico" como "a mesma coisa", ou Britney e Ella, como "música pop", é um perigo. Lembro, certa vez, que o Jornal do Brasil - se não me falha a memória, lançou uma campanha assim: "JB, o mais lido por quem decide!" Achei aquilo fantástico e passei a adotar esta tese nesses confrontos que temos todo dia entre audiência e qualidade, que não deixa de ser uma discussão sobre mercados, ora pois! Mas, como todos sabem, o JB impresso foi pro brejo e está "online" apenas. Uma versão hi tec da velha falência. E isso me acende, novamente, os sinais de alerta, como esta inquietante pergunta do professor Ostermann. Tá bom, vou pensar nisso mais demoradamente e ler mais estes modernos rapazes que voltam dos EUA, formados nos MBA´s de comunicação. Mas não me entrego assim, também. Enquanto escrevo isso, a Ella canta ao meu lado, num MP3 moderníssimo, sobre o qual falei aqui esta semana, que já vai tarde, por sinal. Imagino e torço que a Ella esteja em muitos pen drivers por aí.
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