segunda-feira, 27 de fevereiro de 2012

O Kim que ficou em mim

Demorei um pouco para escrever sobre o falecimento do Kim, o Akita que foi adotado por nós há quase dez anos.
O Kim se foi numa madrugada fresca de verão, na última sexta, dia 24. Na noite anterior, ainda reclamei a ele sua situação apática, entregue, não correspondente ao seu normal. Ele estava doente, muito doente. Fazíamos um tratamento pesado, muitos remédios, os quais lhe tiraram a fome. Emagreceu demais e não resistiu.
Vi pela última vez nos seus olhos um Kim resignado, com um comportamento de missão cumprida, concluída, gestos de um pajé cansado, mas, ainda, determinado a não mostrar fragilidades, dores. Partiu como partem os leões velhos, resumidos à pura glória de seus reinados.
O Kim foi um parceiro que nunca mais terei igual. Ele era, muitas vezes, eu próprio. Me via por demais nele e aprendi demais me olhando através dele, observando meus/seus defeitos, como aquele pensamento do Osho, o qual revela a sabedoria de se aprender muito mais nas viagens pra dentro de nós do que as em volta do mundo externo.
O Kim me possibilitou um bom bocado de autoconhecimento. Me culpo de não te-lo entendido melhor, de não ter dado mais atenção aos recados amorosos e fraternos que ele me proporcionou ao longo de sua vida toda.
Guardo comigo uma lembrança bonita de filho e pai deste Kim. Um Kim pensativo sobre a enorme pedra que ele costumava visitar. O Kim assíduo nos meus primeiros segundo do dia, na janela da pia, de onde esperava uma carinho rápido e intransferível.
Aqui e ali, agora, por onde ando em casa e quando chego, em tudo há uma ausência dele, uma falta de seus passos, de suas manias, de sua observação permanente sobre nós, um companheirismo sem qualquer interesse, senão apenas um afago entre as orelhas, uma espécie de bênção que ele buscava toda hora.
Precisava fazer esta homenagem. O Kim foi um amigo de todas as horas, de todas as horas dele, de todas as minhas e nossas horas.
Por onde andar, neste e n'outros planos o Kim sempre terá uma carona especial na bagagem de minhas existências.
Descansa, meu velho, e continue a cuidar de mim.

Nenhum comentário:

CONTATO COM O BLOGUEIRO