segunda-feira, 3 de novembro de 2008

Balofo e sem rosto

Me incomoda esse jeito de fazer política como se estivéssemos num campeonato por pontos corridos e só o que vale é ganhar. Baseado nessa premissa equivocada, de resultados e quase sempre atropelando programas e partidos, aparecem os frentões, as coligações, as alianças e, agora, a “polialiança”, defendida pelo governador Luiz Henrique da Silveira, o mais exímio misturador político do Estado. Uma frase infeliz celebra esta pobreza ideológica: “juntos somos imbatíveis!” Resta saber em quê. LHS bebeu da fonte esgotada do Dr. Ulisses, da qual jamais esqueceremos, pelo seu valor, histórico e ético. No entanto, o governador usa o discurso da aliança, das mega-coligações em tempos que não cabe mais o modelo, se é que estamos falando da política de Ulisses. Na década de 70/80, juntar os patriotas, os ideólogos da Democracia para derrubar um regime de força e assassino, justificava, era vital, era inadiável, era o óbvio. Derrubados os golpistas, depois de 25 anos de luta, a dinâmica democrática exige outros desafios, o de confrontar de idéias, de se fazer o bom debate, o fortalecimento dos partidos e o exercício eleitoral, periódico, fiscalizador, julgador e soberano. Essa juntada de siglas, esse aglomerado oportunista, quase sempre mórbido, ancora a política no fundo de um poço, sombrio, onde ninguém é reconhecível. O PMDB de Luiz Henrique e de outros tantos, carregaram demais no botox, repuxaram demais a pele, deformaram uma cútis tão digna… Não se sabe mais quem ele é. Uma pena.

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