terça-feira, 4 de novembro de 2008

Os dinossauros ainda estão por aí

Li a entrevista no DC do marketeiro do candidato vencedor Dário Berger. O que disse o Fábio Veiga não me surpreendeu, só confirmou o que todos nós já sabíamos. As campanhas eleitorais se transformaram em espécies bizarras de festivais bianuais de propaganda e marketing. Só isso, quase. A autoridade dada ao marketeiro é espetacular, a ponto dele próprio dizer, sem o menor recato, que o candidato sequer via os programas feitos por Fábio, antes de irem ao ar, no rádio e na tv. Olha, podem me chamar de dinossauro. Ando assumindo isso, com apenas 47 anos, com alguma resignação diante de tudo que venho acompanhando. O colega Carlos Damião entende bem este meu momento e aproveito a oportunidade para agradecer suas palavras generosas no post “LEITURA” em seu Blog. O Damião é um velho amigo de guerra. Os tempos mudaram e os valores se modificaram, não no sentido positivo, como deveria ser. Lembro que antigamente, durante as campanhas eleitorais (e participei de muitas delas nestes últimos 30 anos) a figura do marketeiro era absolutamente assessória e até ganhou este nome em tom pejorativo e mal participava do grupo que coordenava a campanha. Aliás, este grupo era de seletos, de pajés, de excepcionais homens e mulheres de história dentro dos partidos, intelectuais, representantes políticos e comunitários, aqueles que davam a direção nas campanhas. Tive o prazer de conhecer muitos deles e aprendíamos muito com estes mestres. Cito alguns, como Jamir Abreu, José Bacchieri Duarte, Paulo Brossard, André Forster, Saulo Vieira, Nelson Pedrini, Luis Fernando Galotti, Mário Moraes, Anita Pires, Zuleika Lenzi e tantos outros. Pois hoje, os marketeiros ganharam a dianteira, viraram estrelas e sequer tiveram o pudor de encontrar outra palavra, menos depreciativa, para assumir esta inversão de valores. Uma frase de efeito do “mestre” Fábio Veiga, destacada pela reportagem, me chamou a atenção: “ganha quem erra menos”, dita, de novo, sem nenhum pudor. Então, a campanha é de equívocos, de lamentáveis enganos, de constrangimentos, de falhas, de “detalhes” inconfessáveis… Ganha o menos ruim! Entrevistei ontem o senador Pedro Simon, no Jornal da Noite/Rádio Guarujá. Eram 11 da noite, respirei fundo e feliz depois de ouvi-lo. Acho que estou ficando velho mesmo.

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