terça-feira, 25 de agosto de 2009

Mas era só o que faltava....o Belchior sumiu!

Leio no Blog do amigo Carlos Damião que o cantor, compositor e poeta Belchior está desaparecido. Conta que foi notícia no Fantástico. Como o Damião, não assisto o Fantástico, nem sob tortura. Aliás, não ligo a TV aos domingos há muito tempo, livrando meu estômago do Faustão, do Gugu e outras “pérolas”. Me dá tristeza ver que aquilo tudo dá audiência. O Damião diz que ficou sabendo pelo G1, que “suitou” a matéria da Globo. Deixei este comentário lá no seu Blog e o transcrevo aqui, emocionado.

Fiquei chocado com a notícia do sumiço de Belchior. O poeta foi meu grande guru nos anos 70/80. Ninguém como ele interpretou nossas indignações, nossas revoltas e a boa rebeldia adolescente. Havia um tempo que sabia cantar quase todas as faixas dos primeiros discos. Os melhores do Belchior são os dois primeiros (tenho comigo os dois LP’s até hoje, guardados em bom estado, carinhosamente). O número um (“Coração Selvagem” que, na verdade, é o segundo, mas considerado o que lançou nacionalmente Belchior) é o que traz os verdadeiros hinos da nossa geração, como “Alucinação”, “Rapaz Latino Americano”, “Paralelas”, “Como Nossos Pais” (gravado pela Elis), “Fotografia 3x4” (uma obra-prima), “Conheço Meu Lugar” (um lindo protesto nordestino), “Antes do Fim”, “Velha Roupa Colorida” (uma poesia sobre nossos namoros), entre outras, e, ainda, “Como o Diabo Gosta”, que é uma das minhas preferidas e sei até hoje sua letra. É um grito típico dos anos 70, meio anárquico, rebelde e ingênuo. A música é atualíssima e bem poderia servir de trilha para esta vergonheira que se transformou a nossa política. Lembrando o que cantou o poeta:

“Não quero regra nem nada; Tudo tá como o diabo gosta, ta; Já tenho este peso, que me fere as costas; e não vou, eu mesmo, atar minha mão; O que transforma o velho no novo; bendito fruto do povo será; E a única forma que pode ser norma; é nenhuma regra ter; é nunca fazer nada que o mestre mandar; Sempre desobedecer; Nunca reverenciar.”

Como nos garantiu o Cazuza, “O poeta não morreu; foi ao inferno e voltou; Conheceu os jardins do éden; e nos contou; Mas quem tem coragem de ouvir; Amanheceu o pensamento; Que vai mudar o mundo; Com seus moinhos de vento...”

“O Poeta está vivo”, grande Damião!

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