terça-feira, 18 de agosto de 2009

Os sinais da Gripe A

A Gripe A tem uma lado doutrinário, profilático. Alerta como estamos relapsos, preguiçosos, complacentes com maus hábitos e o quanto é preciso reformar ou retomar conceitos que deixamos lá atrás por conta dessa velocidade da vida, com pressa para tudo. Resultado disso, como diz o velho ditado, “a pressa é inimiga da perfeição”.

A pressa destes tempos, com tudo descartável, virou um desrespeito grosseiro e quase generalizado.

Limpamos pouco, botamos fora quase tudo e quase tudo vira lixo, lixo que nos contamina. Lustramos quase nada, nos entregamos demais à praticidade do plástico.

Quase ninguém mais bota as roupas para quarar, a máquina faz, sabe-se lá com que tipo de detergente e produto químico, e vamos deixar correr essa poluição pelo nosso mal tratado esgoto.

Não copiamos mais aquele prato que a vovó nos ensinou no seu livro de receitas. Preferimos comprar pronto, empacotado, congelado, tudo no microondas e perdemos a noção de quanto tempo se leva para fazer uma boa massa ao sugo.

Preferimos enlatados, cheio de conservantes, que deformam nossos corpos, de nos deixam mais fracos, vulneráveis a estes vírus, que parecem ter mais inteligência que nós.

A Gripe A nos exige autocríticas.

Lembro de quando descobriu-se a AIDS, o vírus do HIV. Morreram milhares, por falta de informação e educação. Mas, passados os anos, mais controlada, o que ficou de lição da AIDS é que nos tornamos mais previdentes, mais cuidadosos, com ela e outras doenças. De quebra, a AIDS nos ensinou a ter vergonha do preconceito, da discriminação e na marra melhoramos as nossas relações com as diferenças.

Com a Gripe A - mal comparando, o HIV é muito mais agressivo do que o H1N1 - precisamos fazer a mesma passagem, de aprender e rever hábitos, de evoluir.

A Gripe A está denunciando o nosso relaxamento. Uma blitz, ontem, da Vigilância Sanitária fechou 20 restaurantes do Centro de Florianópolis que não cumpriam as medidas determinadas pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária. No duro mesmo, não cumpriam o mínimo do asseio, o que a educação manda, mas precisou uma Gripe para apontar a falta de protetor salivar - uma peça de vidro instalada sobre o bufê para proteger os alimentos, falta de circulação de ar, equipamentos de higiene como água, sabão e álcool em gel, luvas plásticas descartáveis para funcionários, higienização básica que deveria ser corriqueira se tivéssemos mais educação.

Precisou uma Gripe, com mortes e sofrimentos, para lembrarmos de tudo isso. Hora de entender os sinais.

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