terça-feira, 18 de agosto de 2009

Victor Meirelles, a índia e eu

O primeiro contato que tive com a nudez de uma mulher, algo arrebatador e que me provocou descobertas febris e imaginativas, foi na tenra pré-adolescência, quando me deparei com a pintura de uma índia, numa das páginas de um livro de história do Brasil. Deitada na beira de um rio, corpo farto, cabelos morenos e estilhaçados na areia, ela me confundia as emoções, mostrando desde dor, sonolência, descuido e uma lascividade irresistível, para a qual dedicava as minhas mais especiais energias e concentrações criativas – se é que me entendem. Foi um ano que andei dedicadamente com aquele livro debaixo do braço e meus professores achavam que ali estava nascendo um historiador de mão cheia. Tinham razão. Na mão cheia.

Ontem, estudando um pouco a obra do pintor catarinense Victor Meirelles, encontrei mais uma vez aquela índia, quarenta anos depois e, confesso, tive quase a mesma emoção. A morena adormecida é “Moema”, pintada em 1866, pelo mestre Meirelles.

Hoje ele está de aniversário, faria 177 anos se vivo fosse. O Museu com seu nome, no centro de Florianópolis, no simpático prédio onde viveu ainda na Desterro, durante toda esta semana pode-se visitá-lo com uma programação especial.

Pra quem ficou curioso em saber onde anda “Moema”, ela se encontra no Museu de Arte de São Paulo, ainda provocando, de pré-adolescentes a adultos.

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