domingo, 9 de agosto de 2009

Para o meu Pai

Houve um tempo, meu pai, que te achava herói, meu mestre.
Outro, que surpreendi em mim um sentimento contrário, que me rebentou por dentro a adolescência.
Um pouco mais, e comecei a competir contigo, algo que me parece muito estranho hoje.
Lá mais adiante, voltei a me questionar sobre a tua distância, sobre os teus silêncios, que sempre me fizeram tão só.
Veio mais tempo, que te abandonei, te exorcizei, te reneguei como pude, e não pude, então, me rasguei e me machuquei por dentro, tentando te extirpar do meu coração.
Lá pelas tantas, o velho e sábio tempo passou e me trouxe uma luz, um virar de página e me mostrou que o mundo não era uma planície, mas redondo, como é a lua cheia, de mistérios e bonanças.
Mais calmo, abatido pelos arroubos, mais sólido, mais judicioso e erudito, consegui me livrar de uma miopia, multiplicando em mim o que de bom havia conhecido em ti, desde sempre, desde que de ti surgi.
Nestes tempos, terapêuticos, desafiadores e de chances, talvez, derradeiras nessa missão, mais lúcido e humilde, te vejo quase despido de tudo, enxergando o pai possível e bom que és meu, com diversidades que ainda me afligem, é verdade, mas que as coloco no devido lugar das insignificâncias, deixando tua imagem firme, cristalina, digital em qualidade, analógica em mim.
É uma dinâmica que persigo, como naquele deserto de areias quentes e que o Cristo achava estar só.
Estás em mim, como nunca, verdadeiro e íntegro.
Um feliz Dia dos Pais pra ti, meu Pai!

Um comentário:

Unknown disse...

Baita texto!!Parabéns!!

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