
Ainda que perdoada toda sua irresistível “semvergonhice”, já que o poeta se referia a uma nudez castigada, e a professora demitida assim não estava, seu maior pecado é o pecado que não é dela, mas o que ela denuncia com a sua bizarrice, com sua alegria vulgar e débil.
Envergonhados e constrangidos de pecado ficamos nós, por termos políticos que produzem professoras assim, tão fora de lugar e tão carente de seu real papel, não em palcos rebolando, mas nas lousas, ensinando o b-a-bá, o 2+2, alegrando crianças e não excitando marmanjos.
Triste essa nossa vergonha, produto da nossa omissão histórica e imperdoável, causadora desta falta de Educação generalizada e esta cultura empedernida, justificando todos os meios para se ter o sucesso fácil, previsível e barulhento, oco e sem consistência, diluindo o sabor dos prazeres, tornando grosseiro o que deveríamos só ver de soslaio, com graça e estilo, com sabedoria, com enlevo, com respeito a este êxtase íntimo, consumido tão banalmente hoje na calçada, sob as luzes do público, longe da boa penumbra e do mistério que eternizava nossas fantasias de antigamente.
Leio por aí, nesses sites escandalosos, que a professora nem é mais professora. Agora ganha dinheiro, dizem, como bailarina contratada. Coitada! É no máximo uma coquete, de um brilho e de paixões com validade vencida logo, logo. Vão lhe explorar as ancas e puxar-lhe a lingerie até que não reste mais nenhum gemido nas platéias e nos monitores da web.
Que nos perdoem as lindas e leves bailarinas de verdade, de outros palcos e teatros.
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