quarta-feira, 20 de janeiro de 2010

A Democracia que pouco entendemos

Estou concluindo a publicação da entrevista que fiz com o cubano Manoel Carbó Calçada, mestre em plantas e ervas medicinais há 40 anos e soldado do exército revolucionário de Fidel Castro, desde a Sierra Maestra, até a derrubada final da ditadura imperialista de Fulgêncio Batista.
Sei que é um assunto polêmico. Muita gente bem informada e formada, estudiosa e que tenho especial respeito, tem uma opinião dura e reprovadora ao governo de Fidel.
Respeito estas opiniões. Solenemente. Sei que são sinceras e imbuídas dos melhores anseios democráticos e libertários.
No entanto, o princípio deste Blog é o respeito à opinião. Do blogueiro e de seus leitores. Desde o início - há mais de um ano - nunca fiz qualquer tipo de "moderação" de comentários. Nunca farei, pelo menos aqui. Alguns poucos indecorosos, intactos, são provas disso.
Digo isso porque que sei que muitos amigos e leitores podem concluir que sou isso ou aquilo, que tenho essa ou aquela tendência ideológica e que por isso deva ser assim ou assado. De pronto, adianto que nada tenho finalizado sobre o que penso a respeito de qualquer coisa. "Sempre" e "nunca" são palavras que evito usar. Elas nos aprisionam e, invariavelmente, nos traem.
Sou de uma geração convicta, obstinada, sonhadora e romântica. Não posso fugir disso. Mas aprendi ao longo de quase 50 anos que a utopia é meio de luta, não fim.
Sei que muita gente amiga e boa (por razões óbvias não me reporto aos que tem posição contra-revolucionária, retrógrada, preconceituosa e colonial sobre o tema) não conseguem entender a mecânica da Democracia cubana, que não elege diretamente novos presidentes.
Mas é bom lembrar que o nosso conceito de Democracia é bem míope para os cubanos. Eles é que não conseguem entender como nos achamos um país democrático, com tanta gente ainda miserável, sem educação, sem saúde, sem onde morar, desempregada e marginalizada.
Sempre que falo deste assunto me recordo do outdoor plantado na entrada do Aeroporto Internacional de Havana: "Esta noche, doscientos milliones de niños duermen en las calles. Ninguno de ellos es cubano" (Essa noite, duzentos milhões de crianças dormirão nas ruas. Nenhuma é cubana).
Entre outras, Manoel tenta explicar essa visão de Democracia.

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