Triste saber que uma bobagem deste tamanho pode mobilizar tanta gente. É uma comédia, mas se ri constrangidamente, porque não é o texto, não é o roteiro, é o ridículo ululante, que apela para o velhos preconceitos sexuais e recheada de pastelões.
Bem, nenhuma constatação original. Estamos no Brasilzão do Domingão e do BBB10. Na verdade, "Se Eu Fosse Você" só não teve 10 milhões, ou mais, por que a maioria não tem grana para ir ao cinema. Não fosse isso, estaria toda a audiência do Faustão curtindo a afetação bisonha de Claudio (Tony Ramos) e Helena (Gloria Pires).
Triste mesmo ver um filme assim fazendo sucesso quando há tanta produção nacional de grande qualidade relegada ao cult.
"Treiler" - Sempre que posso, adoro esculhambar com a língua inglesa. Me desculpem os ingleses, gente civilizada, antiga, solene, que eu aprecio e respeito, mas faço essa molecagem por causa dos norte-americanos. Não gosto deles, em tese. São arrogantes, comumente pouco educados, e grosseiramente mal informados sobre o mundo. Minha antipatia com eles vem de longe, lá na militância dos anos 80, quando boa parte da minha geração lutou contra uma ditadura militar, inspirada e apoiada pelo que chamávamos de Imperialismo Ianque.
Mas vivo hoje um permanente dilema, um desafio pessoal, desses que a vida nos coloca no caminho, só pra tirar uma onda com a nossa cara. Tenho gente muito querida e de grande valor humano que mora lá. Meus familiares, filho, nora, cunhado, sogra, sobrinhos, todos por lá, fazendo a diferença, me provando todo dia que há uma parcela importante de pessoas e cabeças que não se misturam com a multidão da nação, sobre a qual fala com tanta propriedade o escritor e cineasta norte-americano Michael Moore no seu imperdível "Stupid White Mans" - "Um País de Idiotas", na versão traduzida pra nós.
O amor, a afeição e o respeito que tenho pelos meus lá, especialmente David - filho de coração que me chegou em 1998 e que me ascendeu a chama do jazz, do blues e me possibilitou algumas lições de vida, como a calma e a delicadeza -, me provocam essa sequela de 80', essa implicância arraigada com os Estados Unidos da América e um permanente desafio de vencer esta fobia e fazer o que manda o velho Niemeyer, "nada é tão importante, somos um grão, a vida é um sopro..." Trabalho quase todos os dias esta dificuldade histórica. Uma das formas bem eficientes é a música, onde me permito ignorar tudo que sei e já senti de ruim vindo de lá.
Posso sentir bons ventos soprando, vindos da terra onde moram BB King e David Scheitt.
Precisava dizer isso. Está dito.
2 comentários:
kakakkak patético você e sua coluna. Uma pessoa que sequer é capaz de reconhecer uma cultura só porque é diferente da sua merece realmente uma gargalhada. Se você adora "esculhambar" a língua inglesa sempre que pode deve ter um recalque absurdooooo, certamente não fala inglês. Só pq você não sabe ou não conhece não quer dizer que não seja bom... tenho pena de seres pequenos assim, que acham que o mundo se resume as coisas que aprecia ou que considera boas. Tenho pena de pessoas com um mundinho tão mediocre.
Ok, Rui,
Valeu tua consideração.
Como sempre faço, levo muito em conta todos os comentários que recebo aqui.
Apareça.
Um abraço.
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