Ele é diretor e um dos fundadores da Sociedade Cultural Zumbi dos Palmares. A oportunidade da entrevista foi a sanção da Lei em São José que cria o feriado no dia 20 de novembro, Dia de Memória a Zumbi dos Palmares e a Semana da Consciência Negra no município josefense.
Pelos estudos feitos por Joe, nunca tivemos na história brasileira verdadeiros líderes ou autoridades abolicionistas no império, a ponto de convencer a Princesa Izabel a assinar a Lei Áurea. Tudo não passou de uma pressão político-econômica da Inglaterra. O ato da "Abolição", portanto, esteve muito mais ligado à geo-política, aos interesses expancionistas da época e à fuga da família Imperial do exército de Napoleão para o Brasil, do que propriamente o resultado de uma posição com motivações éticas e humanistas.
Já o Boi de Mamão, Joe afirma que suas pesquisas levam todo o movimento dito açoariano, às raízes afros, embalada nos ritos tribais, solidamente alinhadas à Mãe África. "Os açorianos são povos navegadores, que foram se apropriando de culturas diversas, por onde andaram", comenta Joe em tom denunciador.
Foi uma entrevista corajosa e ousada, repleta de muita informação sobre as quais a maioria de nós pouco sabe. A Semana que virá, lá em novembro - neste primeiro feriado josefense de Zumbi - promete. Um dos desafios é elevar o número de municípios brasileiros que possuem uma data especial de Memória a Zumbi, que hoje são pouco mais de 300. Em toda a Região Sul, apenas Pelotas, no Rio Grande do Sul (fundada por escravos), Treze de Maio (no Sul de Santa Catarina, e agora São José, comemoram a data com um feriado.
Ainda devemos muito aos negros do mundo todo, que nos deram e nos dão tanto. Pra falar apenas na música, quase tudo que temos teve origem africana. Jazz, blues, reage, funk e até o tango tem suas origens bem negras.
Caso haja maior interesse neste papo com Joe - nos comentários - sou bem capaz de postar o áudio de bons trechos da entrevista de hoje. Que tal?!
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