domingo, 13 de fevereiro de 2011

Intimidades com as boas leituras

Me causa sempre tristeza ver que os jornais estão encolhendo. Falo do tamanho físico e intelectual. Lá se foram - os mais presentes na minha memória - o Correio do Povo (RS), O Estado (SC), A Notícia (SC) e o Jornal do Brasil (RJ).
Me insurjo com a tese da facilidade da leitura desses tablóides metidos a jornais. Vamos combinar, minha gente, esse pessoal do formato tablóide, pode até se esforçar, mas eles produzem outra coisa, não jornal.
Só quem não gosta de ler um bom jornal de textos descomprimidos, plenos, com fotos de tamanho respeitável, com legendas de verdade e criativas, com cartolas dignas da sua necessidade e não apenas a mercê da estética de seus designers, é que pode admitir que um tablóide é mais fácil de ler.
O problema começa por aí. Quem está atrás de um jornal para ler e quem quer uma leitura fácil. Ora, vá ler uma bula, um panfleto desses que distribuem na esquina..., jornal é outro departamento!
O jornal é o jardim de inverno dos livros e tão solene quanto estes. Ler um bom jornal pressupõe espaço para tal. Lê-se um bom jornal numa mesa de escritório, bem sentado numa poltrona ou num banco, sobre a mesa de jantar ou dentro de um táxi, trafegando em ruas - é bem verdade, de preferência de poucos buracos... Mas há outras alternativas aos apaixonados pelos jornais de estatura. Para se ler um bom jornal "standard" (nome técnico destes de tamanho de jornal de verdade) é necessária uma certa intimidade para os lugares alternativos. Intimidade que, passado algum tempo, se adquire prática a habilidade. Explico: Pegue um "standard" como quem pega uma fralda novinha de um filho pequeno. Em locais apertados ou supostamente impróprios, se preciso for, dobre-os, redobre-os, transforme sua enorme área impressa em páginas de livros e pronto...! Eles estarão domesticados a uma leitura mais rápida, sem preder sua dignidade e majesdade de jornais do tamanho de jornal. Faça isso sem pena, sem cuidados especiais com o papel. Dê pequenos tapas, safanões e golpinhos, até que ele se ajeite. Acredite, o bom jornal gosta destas pancadinhas, desse jeito meio rude, lhe é familiar e íntimo, portanto, essencial para uma boa e proveitosa leitura.
Bem, não sejamos tão chatos com os debilóides, digo, "tablóides". Existes, ainda, os tabletes! São os piores e, sem pressa, mais raros.
Boas leituras.

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