Era domingo, Brique da Redenção, uma local tradicional e domingueiro dos portoalegrenses. Lá estava eu, matando saudades e revisitando todo tipo de quinquilharia familiar e dos nossos tempos passados.
Quando menos espero, ao meu lado, disputando o olhar sobre uns talheres antigos de prata, o professor, o Ruy Carlos Ostermann. O professor – assim o chamamos no Rio Grande – foi e é meu mestre-mor. Comecei minha vida profissional com ele, na Rádio Gaúcha e isso é só um detalhe a mais, porque anos antes ele já era meu guru intelectual, uma espécie de pajé do jornalismo.
Vivenciei algo bem estranho, que há muito não me acontecia. Me senti um guri, quase universitário, secundarista, bem provável. É que a gente quando vai envelhecendo experimenta esta sensação ao contrário e vai trocando de posição diante dos mais jovens. Pois, no domingo passado, encontrei o velho professor, firme, forte, incólume reserva profissional e cultural e – de quebra, não posso deixar de reconhecer, encontrei também o Marcelo Fernandes de novo, com uns 17 anos de idade, no máximo.
Tremi as pernas e me senti frágil e esqueci completamente das minhas três décadas de estrada no jornalismo, que iniciara com aquele ídolo. Claro que logo recobrei os sentidos e me dei o respeito necessário. Até consegui contar ao professor que tenho feito nos últimos anos um programa chamado “Guarujá Entrevista” muito em sua homenagem, na verdade, inspirado no que ele apresenta na Gaúcha, o “Gaúcha Entrevista”, no mesmo horário (entre quatro e meia e cinco da tarde, de segunda à sexta), numa coincidência exata e premeditada.
Disse-lhe que o programa tem o mesmo estilo e até ensaiei uma história que, para mim foi uma delícia ouvir. Dia desses entrevistei Ricardo Rihan, um dos produtores do filme “As Mães de Chico Xavier”. Antes de iniciar o programa, Ricardo me falou de uma curiosidade. Ele havia participado de um programa de entrevista no dia anterior,
Contudo, não consegui driblar por completo meu nervosismo diante do professor tantos anos depois. Quando me despedi, sem saber direito o que dizer, lasquei um “prazer te conhecer...”, sem graça e inexplicável. Tentei salvar a pequena gafe: “...de novo...” O professor agradeceu e acho que percebeu o quanto aquilo havia mexido comigo.
Que coisa, hein?... Cinqüenta anos na cara, trinta e três de redações e não me curei daquela admiração juvenil. Estou pensando nisso até agora.
Foi bom. Espero que o professor leia.
quarta-feira, 6 de abril de 2011
Eu e o professor no Brique
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