domingo, 28 de dezembro de 2008

Um Rei remixado demais


Sou daqueles que dizem não assistir os especiais do Roberto na Globo. Faço isso pela mesma razão também daqueles, por vergonha de assistir um programa tão provinciano, tão igual, tão popular e previsível, muito a ver com aquela máxima do Nelson Rodrigues, a qual fala da burrice da unanimidade. No entanto, como aqueles mesmos, chatos e pseudo-intelectuais, assisto o show do Roberto, todo o ano, nem que seja quase sem querer, passando pela sala, curando o hálito de chester e espumante da noite anterior.
Este ano, o pessoal que produz o velho RC exagerou. De Roberto tinha muito pouco. Mais enxertos do que as canções do Rei. Gente como o Neguinho da Beija Flor entrou de pára-quedas, goela abaixo do nosso Natal. Os recortes do show com o Caetano quase se transformam numa reprise.
De bom mesmo sobrou a participação do jornalista e craque produtor musical Nelson Motta, que ensaiou uma entrevista com Caetano e Roberto (foto), tentando apaziguar os velhos ânimos da Jovem Guarda e da Tropicália, correntes culturais tão oblíquas na época. Ver três mestres, cada um em seu “metier”, é sempre bom. De resto, a Globo conseguiu apenas mostrar que o velho Rei anda cansado, precisando sacudir a poeira e dar a volta por cima.

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