segunda-feira, 9 de agosto de 2010

Debates caretas

Ontem assisti o bom Canal Livre na Band. Os jornalistas fizeram uma avaliação interessante sobre a história dos debates entre os candidatos à Presidência nos últimos anos. A Band construiu esta tradição. As campanhas eleitorais começam com o primeiro debate deles. É bem verdade que na Globo vemos sempre uma inovação tecnológica ou estética. Me lembro da primeira eleição de Lula, no segundo turno com o Serra, Bonner mediando, os dois numa bancada central, livres para andar pelo palco, rodeados de uma platéia escolhida. Talvez não tenha sido tão bom, mas foi diferente. Sempre esperamos estas surpresas do “plim-plim”.
Mas o pessoal do Canal Livre lembrava que os debates antigos tinham mais vibração, eram mais quentes. Os candidatos se apresentavam mais agressivos e indisciplinados, oferecendo momentos de aplausos, risadas e descontração das platéias formadas de assessores e jornalistas. A gente chegava a se divertir em muitos momentos. Me lembro do Brizola, irritado com o Maluf, dizendo...”ele se ejecta!” O Tio Briza era bom demais...
Passou o tempo, a legislação eleitoral foi enrijecendo e temos hoje debates muito chatos, caretas, previsíveis, mercadológicos. Suspeito que esta queda de brilhantismo, do hilário, do surpreendente, está na exata medida da substituição dos velhos coordenadores de campanha – que sempre foram aqueles “pajés” partidários, ilustres, sábios, experientes, por estes rapazóides chamados “marketeiros”. Essa caretice nos debates e campanhas em geral foi ganhando força desde que esses meninos, vindos desses “MBA’s” de publicidade e propaganda do exterior, invadiram a cena eleitoral e transformaram o eleitor em consumidor e os candidatos e produtos.
Viramos todos suco de laranja. Mornos, insossos, sintéticos, puro botox. Que pena! Como era bom a Gabi Gabriela tentando interromper o Dr. Brizola e o Maluf se “ejectando”...
Achei no You Tube um daqueles momentos inesquecíveis. Brizola pedindo aparte não concedido por Maluf. "...não dá aparte porque não pode..., filhote da ditadura...". Vale relembrar.


Nenhum comentário:

CONTATO COM O BLOGUEIRO