domingo, 24 de abril de 2011

Meu avô, o inventor do Kinder Ovo

O Sérgio da Costa Ramos anda estupendo, cada vez melhor. Ele me fez lembrar, na coluna de ontem do DC, de 40 anos atrás, do meu Vô Floriano, que levantava de madrugada nos domingos de Páscoa para esconder os ovinhos de chocolate pela casa, pelo quintal e pelo mato, que ainda existia nas casas dos avós da gente. Aquilo era tudo, como recupera o Sérgio, "tá quente, tá frio..."
Meus primos maiores, é claro, achavam mais rápido os melhores ovos, mas isso era descontado pelo Vô, que dava dicas especiais para os netos mais novos, dicas quase óbvias, dependendo do tamanho das vantagens dos maiores sobre os menores.
Meu avô, vez por outra, misturava ovos de Páscoa com pequenos presentes, como biboquês, bolinhas de gude, piões, panelinhas pras gurias. O meu avô foi uma espécie de inventor do Kinder Ovo! (Já sei que mais tarde o Emílio Cerri vai me desmentir, com certeza, contando no Comgurus a origem do Kinder...).
Era uma gritaria, uma algazarra da criançada que durava a manhã inteira e isso soava como uma sinfonia para o Vô Floriano, que era, sem dúvida, uma reencarnação do Papai Noel, do Chacrinha e que, infelizmente, não vejo similar nos dias de hoje. Uma pena.
Ao meio dia, na mesa, todos em volta, saboreavam uma bela macarronada, com uma inesquecível carne assada. Na casa do meu Vô não faltava batata frita. Aliás, era o único lugar que sobrava batata frita. A gente comia até dizer chega! Só lá acontecia isso, com naturalidade.
Durante a tarde meus primos mais velhos ficavam batendo bola no pequeno campinho de futebol. Duas árvores no início do mato viraram um gol, com uma trave entre elas. Era quase oficial, em largura e altura, meu Vô colocou até uma rede de verdade. Ali eu me transformava no Gainete, vestindo uma camiseta acolchoada vermelha, como o goleiro do Inter fazia. Chutes fortes de primos e de toda família masculina eram defendidos - a maioria - por mim. (É bem verdade, que meu pai sempre ficava preocupado com a violência dos chutes dos demais. Ele, cuidadoso com aquele dublê de Gainete, batia quase sempre fraco, "colocadinha", como o Dirceu Lopes fazia... Pontes, encaixadas seguras e espalmadas pra linha de fundo e muita pose pras fotos de uma Polaroid do meu Vô, as quais procuro até hoje.
Isso tudo só era interrompido se passasse o homem do picolé ou da casquinha na calçada. Uma trombetinha ou um aparelhinho de madeira, que fazia "plek, plek, plek...", inconfundiveis, eram verdadeiras vinhetas pra outra festa começar.
Era domingo à noitinha e , como todos os domingos, ia começar o Programa Flávio Cavalcanti. Me lembro que num domingo de Páscoa, o Flávio, depois de um editorial dramático que lhe era peculiar, anunciava a entrada do Rei Roberto Carlos, que cantaria - bem a propósito - um de seus lançamentos: Jesus Cristo.
Putz, como faz tempo isso. Nem tanto. Celebremos. Obrigado, SCR. Boa Páscoa a todos!
* Na foto, grandes amigos da época: o Alexandre Berny, seu irmão, no centro o "Negão" (Jorge, que foi jogador profissional do Grêmio) e eu agachado - o Marcelo Gainete. A foto foi registrada em frente ao gol do "Estádio" Vô Floriano.

Um comentário:

Emilio Cerri disse...

O Kinder Ovo é uma das marcas da italiana Ferrero em vários países do mundo. Tem origem na Itália, onde apareceu pela primeira vez em 1974. Além dos pequenos brinquedos, há coleções de figuras pintadas à mão com um determinado tema e por tempo limitado, como a série dos Simpsons, lançada na Alemanha. Nos últimos anos também lançaram "surpresas da internet" que consiste num código fornecido com a "surpresa" que vem nos ovos e que deve introduzido no site da Kinder. Mas não tenho a menor dúvida que o verdadeiro inventor foi seu avô...

E já que o assunto é a Ferrero: o CEO e um dos herdeiros do grupo (que tem as marcas Ferrero e Nutella, entre outras), Pietro Ferrero, morreu segunda feira (dia 18/4) na África do Sul. Nascido em 1963, estava em uma viagem de negócios. A empresa informou que morreu - provavelmente de infarto - quando andava de bicicleta. Seu pai, Michele Ferrero, de 84 anos, é considerado o homem mais rico da Itália, com uma fortuna avaliada em US$ 18 bilhões pela revista Forbes. O empresário ocupa o 32º lugar entre as maiores fortunas do mundo.

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